Os bancários de todo país entram em greve a partir de amanhã por tempo indeterminado. A paralisação foi decidida depois de 45 dias de negociações entre representantes dos trabalhadores e a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e membro do comando de greve, Elias Jordão, a proposta feita pelos bancos não atendeu nem a metade das reivindicações. Os funcionários pediram um reajuste de 16%, sendo 10,3% de recomposição da inflação do período mais 5,7% de aumento real. O que foi oferecido pelos bancos foi 5,5%.
— Espero que esta proposta seja melhorada. Historicamente, os bancos oferecem um reajuste próximo à inflação do período. Este ano, foi um reajuste inaceitável. Por isso, acredito que possamos negociar um pouco mais —, disse Jordão.
Em nota, a Fenaban informou que continua aberta às negociações e que a proposta econômica já apresentada às lideranças sindicais prevê a participação nos lucros dos bancos, de acordo com uma fórmula que, aplicada, por exemplo, ao salário-piso de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, pode garantir até o equivalente a quatro salários.
"Os bancos pagarão, pela proposta da Fenaban, um abono imediato de R$ 2.500,00 a todos os 500 mil bancários, além de reajustar em 5,5% os salários praticados em 31 de agosto de 2015. O reajuste de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação média para os próximos 12 meses. A entidade avalia que a negociação das cláusulas não econômicas, ainda em curso, vem se desenvolvendo de maneira positiva, e reitera que continua aberta a negociações e avaliará contrapropostas que venham a ser apresentadas pelas representações sindicais", informou a Fenaban.
Jordão acredita que a adesão à greve será alta em todo país, mas a categoria conseguirá cumprir com a determinação de manter 30% dos serviços bancários para atender à população. A paralisação, no entanto, deverá ser mais longa do que nos anos anteriores, já que a proposta feita pelos bancos está muito aquém do pretendido pela categoria.
— Não estamos em greve porque queremos. Essa é a nossa última alternativa de negociação. Os cinco maiores bancos do país, já lucraram R$ 36 bilhões de lucro. É incompatível com o que oferecem a seus empregados. Espero que a população compreenda a nossa reivindicação —, disse o sindicalista.
A Fenaban informou que a proposta, nos termos da Convenção Coletiva do setor, prevê distribuição de 5% a 15% do lucro líquido aos bancários, como regra básica, além da parcela adicional que distribui mais 2,2% do lucro de cada instituição, respeitados os tetos estabelecidos na convenção coletiva de trabalho.
"A fórmula de cálculo dessa distribuição é idêntica à adotada anteriormente com aprovação dos sindicatos e pode chegar a mais de R$ 24 mil, dependendo da lucratividade do banco. A participação nos lucros paga pelos bancos aos bancários é, há vários anos, um destaque dentre todas as categorias, pela sua abrangência e pelos valores individuais e coletivos envolvidos", informou a entidade.
Além do reajuste de 16%, os bancários reivindicam melhores condições de trabalho e o aumento do efetivo nas agências de todo o país. Jordão afirmou que, atualmente, há um déficit de pelo menos 50% de funcionários para cada agência do Brasil operar normalmente.
— Os bancários são pressionados para bater metas abusivas e sofrem até ameaças de perda do emprego. Isso causa grande estresse entre os funcionários. O que queremos é o fim dessa pressão e condições de trabalho mais humanas —, disse Jordão.
"Os beneficiários da Previdência Social que não puderem contar com o atendimento prestado pela agência bancária em que têm conta corrente também poderão se dirigir a outra agência, do mesmo banco, que estiver aberta. Outra possibilidade é realizar saques pelos caixas eletrônicos. Basta se dirigir a um terminal de autoatendimento de posse do cartão magnético."
Já para realizar transações bancárias, a Fenaban esclarece que os clientes poderão usar uma série de canais alternativos como os caixas eletrônicos, internet banking, o aplicativo do banco no celular (mobile banking), operações bancárias por telefone e também pelos correspondentes, que são casas lotéricas, agências dos Correios, redes de supermercados e outros estabelecimentos comerciais credenciados.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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