Alvo de uma investigação pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e acatada pelo Supremo Tribunal Federal, o senador José Agripino Maia, presidente nacional do Democratas, rebateu ontem as acusações de que teria cometido crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro desviado da Arena das Dunas, estádio construído em Natal para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014.
Agripino, que não disputou o pleito porque o mandato dele vai até 2018, disse que perto da eleição fez um saque de R$ 170 de sua conta para eventuais urgências. Como o dinheiro não foi gasto, um assessor ficou encarregado de fazer o depósito de volta. “Esses recursos saíram de minha conta e foram depositados na minha conta. Eles foram feitos entre 7h00 e 7h30 em caixa eletrônico porque quem fez o depósito precisava viajar” para uma propriedade rural e não podia aguardar o banco abrir ás 10h.
Na entrevista ontem à noite, à 95 FM, Agripino se disse vítima de retaliação política. “Quem montou (o processo) não foi a Procuradoria da República nem o Supremo, mas foi lá atrás. Como posso eu, líder de um partido de oposição, participar de um conluio no BNDES, que é um banco estatal, sobre o qual não tenho influência nenhuma?” E acrescentou: “Eu pago o preço de fazer oposição durante 12 anos.”
O senador também repeliu a acusação de que fez lobby para a OAS, empresa responsável pela construção do estádio, no sentido de destravar os obstáculos que estariam impedindo o repasse de recursos para a empreiteira continuar as obras. Ele disse que o que fez foi promover reuniões entre agentes públicos, objetivando defender interesses legítimos e transparentes do Estado. “O que fiz foi o que o meu mandato obriga. Isso é uma colcha de coisas incoerentes (….) Estou muito tranquilo, mas indignado com a essência da acusação. Imagine! Eu, senador de oposição, estar acusado de fazer lobby para uma empresa receber dinheiro do BNDES, um banco do governo federal?”
Sobre o pedido feito à OAS para liberar um avião, o senador repetiu o que já tinha dito antes: pediu a aeronave para, se necessário, transportar o ex-deputado João Faustino, à época em estado grave, até São Paulo, onde a família iria tentar salvar-lhe a vida. Mas a viagem nem chegou a ser feita. “Foi um ato humanitário.”
Agripino considerou um procedimento de praxe a investigação pedida pela Procuradoria Geral da República e acatada pelo ministro Luiz Barroso, do STF, e lembrou que o mesmo procedimento foi feito com o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) e depois arquivado: “Não há provas, não são nem acusações contra mim. Só ilações”, assegurou o parlamentar do Rio Grande do Norte.
Após conseguir formalmente a íntegra dos elementos de investigação, o presidente do DEM está divulgando, neste final de semana, uma nota oficial em que presta os esclarecimentos e repudia, “com veemência, a ilação de que praticou lavagem de dinheiro. As movimentações apontadas são provenientes, todas de recursos próprios, operados sob minha inteira responsabilidade, com todos os comprovantes de licitude e legalidade que serão colocados à disposição dos órgãos de investigação e da Justiça”, reforça o senador.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
Nenhum comentário:
Postar um comentário