Brasil avançou, mas foi mais uma vez interrompido. Desta vez, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki pediu, semana passada, vista do processo que pode descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal no Brasil. O julgamento foi paralisado com três votos favoráveis ao recurso, mas com uma divergência entre os magistrados: enquanto o relator Gilmar Mendes defendeu o fim de punições para os portadores de qualquer droga, Luís Roberto Barroso e Luiz Edson Fachin defenderam a mudança apenas para a maconha. A discordância dividiu especialistas.
Durante seu voto, Barroso propôs que aqueles flagrados com até 25 gramas e seis plantas fêmeas de maconha não sejam enquadradas como traficantes. Depois disso, o debate na sessão passou a ser se a descriminalização atingiria só a erva ou todas as outras drogas consideradas ilícitas.
Para André Barros,membro da Comissão de Direitos
Humanos da OAB/RJ e advogado da Marcha da Maconha, o pedido de vista
feito por Zavascki pode ser entendido pelo fato de Gilmar Mendes ter
estendido o debate a todas as drogas. “Nota-se obviamente uma pressão
para limitar a descriminalização só à maconha”.
Segundo ele, “o debate está avançado”
e o STF deve evitar problemas ao legislar sobre a quantidade de drogas
que diferem usuários de traficantes. “O que pode ser feito é o Conselho
Nacional de Justiça baixar uma norma para os juízes sobre as quantidades
de drogas permitidas. Os únicos que serão contra alguém plantar maconha
em casa serão os traficantes e os vendedores de armas, que lucram com
essa guerra”, opinou o advogado.
Conselheiro
em dependência química de centros de reabilitação do Rio, Sérgio Couto é
contra a descriminalização pelo risco à saúde especialmente de jovens.
“Você passa por um bar e vê jovem bebendo álcool, sem controle nenhum.
Imagina com a maconha? Imagina se forem todas as drogas liberadas”,
argumentou. Ele reforça que a mera repressão policial não foi capaz
de lidar de forma adequada com a questão das drogas e defende que se
trata de uma questão de saúde. “Reprimir a gente sabe que é um modelo
falido. Gerou uma guerra ao tráfico, com mortes diárias. O único caminho
é educar sobre os riscos”, argumentou. Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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