quinta-feira, 14 de maio de 2015
Peixe que consegue manter o sangue quente
Peixes que vivem nas frias profundezas dos oceanos costumam ser lentos e preguiçosos, preferindo conservar sua energia ao emboscar presas do que persegui-las. E embora grandes peixes predadores como o atum temporariamente aqueçam seus músculos e órgãos durante perseguições, até agora nenhum representante desta superclasse de animais tinha se mostrado capaz de manter o sangue quente permanentemente como fazem aves e mamíferos. Mas uma nova pesquisa realizada por cientistas da divisão de pescados da Administração Nacional para Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa) revelou o primeiro deles com esta capacidade, o que lhe dá uma enorme vantagem competitiva nas caçadas: o peixe-cravo (Lampris guttatus).
Alaranjado e prateado e com tamanho aproximado de um grande pneu de carro quando adulto, o peixe-cravo, presente em oceanos ao redor do mundo, vive a centenas de metros abaixo da superfície, em águas frias e pouco iluminadas. Mas, diferentemente da maioria de seus companheiros de classe, ele constantemente bate suas grandes e vermelhas nadadeiras peitorais como asas na água, gerando calor que é então distribuído pelo corpo por um sistema circulatório com características únicas, aumentando seu metabolismo, velocidade de movimento e tempo de reação.
- Antes desta descoberta, eu tinha a impressão que o peixe-cravo era um peixe lento, como a maioria dos peixes de ambientes frios – conta Nicholas Wegner, biólogo da divisão de pescados da Noaa e principal autor de artigo sobre o estudo, publicado na edição desta quinta-feira da revista “Science”. - Mas como ele consegue aquecer seu corpo, ele na verdade se mostrou um predador muito ativo que persegue presas ágeis como lulas e pode migrar grandes distâncias.
Wegner percebeu que os peixes-cravo eram únicos quando o coautor do estudo, o também biólogo Owyn Snodgrass, coletou amostras do tecido das guelras da espécie. Nelas, Wegner reconheceu um desenho único: vasos sanguíneos que carregam sangue quente para as guelras envolvendo aqueles que levam sangue frio de volta para o centro do corpo depois de absorver o oxigênio na água. Este tipo de desenho é conhecido na engenharia como “troca de calor contracorrente” e lembra o radiador de um carro. No caso do peixe-cravo, ele faz com que o sangue quente que deixa o centro do corpo ajude a esquentar o sangue frio que vem da superfície respiratória das guelras, em uma adaptação natural para preservar calor. Esta localização do sistema de troca de calor nas guelras permite ao peixe manter uma temperatura elevada, conhecida como endotermia, mesmo nas frias profundezas dos oceanos.
- Nunca tinha sido visto nada assim nas guelras de peixes – diz Wegner. - Esta é uma inovação legal destes animais que dá a eles uma vantagem competitiva. O conceito de troca de calor contracorrente foi inventado nos peixes muito antes de termos pensado nisso.
Os pesquisadores coletaram dados sobre a temperatura de peixes-cravo capturados durante levantamentos ao largo da Costa Oeste dos EUA e verificaram que ela era regularmente mais quente do que as águas em volta. Eles também implantaram monitores de temperatura em peixes-cravo enquanto os acompanhavam em mergulhos a até centenas de metros de profundidade e observaram que a temperatura corporal deles se mantinha estável mesmo quando a da água caia abruptamente. Os peixes tinham uma temperatura em seus músculos cerca de 5 graus Celsius acima da água em volta enquanto nadavam entre 50 e 330 metros de profundidade. E embora mamíferos e aves mantenham temperaturas corporais bem mais elevadas, os peixes-cravo são os primeiros desta classe de animais vistos mantendo o corpo inteiro mais quente do que seu ambiente.
- A natureza tem maneiras de nos surpreender com estratégias espertas quando menos esperamos por elas – destaca Wegner. - É difícil se manter aquecido quando se está rodeado por água fria, mas o peixe-cravo descobriu como.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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Data de Nascimento: 12 de Outubro de 1798
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Data de Falecimento: 24 de Setembro de 1834
Local de Falecimento: Palácio de Queluz, Portugal
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