O advogado Cláudio Pimentel, que representa Marice Correa de Lima, cunhada do tesoureiro afastado do PT, João Vaccari Neto, disse que a cliente dele negou qualquer irregularidade na transferência de imóveis, investigada pela Polícia Federal. Ela prestou depoimento por cerca de duas horas e meia, nesta segunda-feira (20), na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba.
Presa desde sexta-feira (17) na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, Marice Correa de Lima começou a prestar o primeiro depoimento na tarde desta segunda-feira (20), por volta das 14h30.
A transação dos imóveis, segundo o Ministério Público Federal, é uma prova de lavagem de dinheiro, que teria sido feita pelo cunhado de Marice. Além de cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, Marice também foi secretária do diretório da legenda, segundo a PF. O advogado de Marice disse não saber dessa informação, confirmando apenas que ela exerce o cargo de diretora financeira da Confederação Sindical das Américas (CSA).
Marice teve a prisão temporária expedida na quarta-feira (15) – quando foi deflagrada a 12ª fase da Operação Lava Jato. No entanto, a prisão só foi efetuada na quinta-feira (16), pois ela estava no Panamá. De acordo com o advogado, ela estava viajando a trabalho e a situação foi explicada aos policiais durante o depoimento. "[Ela] esclareceu sem problema nenhum, ela foi a um congresso internacional, do qual ela faz parte", afirmou. Ele não quis dar mais detalhes sobre o teor do depoimento.
O pedido da prisão vence nesta terça-feira (21) e pode ser prorrogado pelo mesmo período, ou ainda ser transformado em prisão preventiva, sem prazo para expirar.
Durante a operação, a PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Marice e apreendeu vários documentos.
Vaccari Neto foi preso na casa dele em São Paulo e também está na carceragem da PF. Ele é suspeito de operar um esquema de propinas cobradas de empreiteiras que fechavam contratos com a Petrobras.
Segundo as investigações do Ministério Público Federal (MPF), Marice teria comprado um apartamento por R$ 200 mil e o vendido para a empreiteira OAS por R$ 400 mil. O mesmo imóvel teria sido vendido pela empresa por um valor menor. A OAS é uma das investigadas na Lava Jato.
Entre os fatos que chamam a atenção, ainda segundo o MPF, estão as "inconsistências fiscais" de Marice. De acordo com despacho assinado pelo juiz Sérgio Moro, ela não tinha "capacidade financeira" para suportar o aumento de renda declarado.
O advogado Cláudio Pimentel, que também representa Marice, afirmou que a suspeita não terá problemas para explicar sua movimentação financeira, já que tudo está declarado no Imposto de Renda. "Não haverá dificuldade nenhuma para provar a inocência dela", disse.
A Operação Lava Jato foi deflagrada pela PF em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. São apurados desvios da Petrobras e de outros órgãos públicos.
A última fase da operação foi deflagrada em 10 de abril e prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas (sem partido), Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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