
Na noite da última quarta-feira, Emerson se dirigiu a uma câmera para fazer seu protesto contra a CBF e, principalmente, contra a arbitragem. Na tarde desta quinta, dezenas de câmeras foram ao encontro do camisa 7 do Botafogo para que ele explicasse o que quis dizer ao se referir à entidade como sendo uma vergonha, após ser expulso na derrota por 3 a 2 para o Bahia, no Maracanã. Em entrevista coletiva no Engenhão, Sheik levou 35 minutos para responder 13 perguntas e deixar claro que não se arrependeu de sua atitude. Admitiu, sim, que talvez o momento e o local não foram os mais adequados. E aproveitou a atenção para anunciar uma espécie de campanha, convocando outros jogadores para pedir por profissionalização dos árbitros.
O depoimento do atacante foi precedido de uma reunião ao lado da sala de imprensa, que contou com Emerson, assessores de imprensa e dirigentes do futebol, incluindo o gerente Aníbal Rouxinol, que até 2012 foi advogado do clube e por isso tem experiência na defesa diante dos auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Em seu depoimento, Emerson rechaçou os rótulos de polêmico, violento e jogador problema. Preferiu usar o termo competitivo e disse ter um perfil diferente da maioria dos atletas do futebol, dando a entender que não pretende mudar essas características, mesmo sabendo dos riscos que corre em relação a punições num futuro próximo.
- Na moral, mesmo se eu fosse um jogador problema, eu me contrataria. É só ver minhas conquistas. Não tenho intenção de ser polêmico. Não quero me exaltar, mas tenho um perfil diferente dos outros. Falo, faço vocês (jornalistas) darem algumas risadinhas... mas falo de maneira polida. Posso ter me exaltado naquele momento, mas penso muito antes de falar e sei o que estou falando. Se tem alguém aqui que discorda da arbitragem do futebol brasileiro, por favor se manifeste. Não falei nada demais. O que eu pedi é que a CBF profissionalize a arbitragem do nosso futebol. Porque os dirigentes, quando iniciam uma temporada, fazem um planejamento para o ano inteiro. E daí vem um cara que não tem nada a ver com nosso meio (árbitro) e consegue estragar o planejamento de um ano, o sonho de profissionais, de pessoas que diariamente vêm aos clubes para trabalhar, gente que não tem nada a ver com nosso mundo. Porque sábado eu estou em casa e às quatro da tarde venho apitar um jogo. Domingo de manhã nós estamos concentrados. Às 9h de sábado estamos treinando e só saíamos quando a partida acaba no dia seguinte. Ninguém fica em casa, sai para jantar, vai ao cinema... Isso é compromisso. Se o Gottardo me liberar, então domingo de manhã eu vou à praia e depois vou jogar.
O botafoguense, de 36 anos, bateu forte na tecla de recrutar colegas de profissão a combaterem o desprestígio que, de acordo com ele, o futebol brasileiro vem sofrendo.
- Nosso futebol se perdeu. Ontem, o Marcelo Lomba (goleiro do Bahia), que jogou comigo no Flamengo, disse para eu parar de falar, porque tudo ia se voltar contra mim. Mas eu disse a ele, de maneira tranquila, que se a gente não se manifestar, quem é que vai fazer? Vamos esperar por quem? Esperar o presidente da CBF, que confirmou não estar satisfeito com a arbitragem? Se ele pensa assim, quem vai consertar tudo isso? Aqui não está um cara que quer aparecer, mas alguém que gostaria de ver nosso futebol voltar a ser admirado e respeitado fora do país. Podem me punir, dizer que sou polêmico, encher uma sala para alguma coisa que eu possa vir a falar futuramente. Mas gosto muito do futebol, foi ele que me tirou de uma condição de vida que não desejo a ninguém. O que eu puder fazer para ele voltar a ser como antes, vou fazer a minha parte. Quem quiser participar, seja bem-vindo. Quem não quiser, tudo bem - disse.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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