
Terceira presidenciável sabatinada pelo GLOBO, Marina Silva (PSB) voltou a defender o fim da velha política e da reeleição e rebateu os ataques do PT quanto à suas posições sobre a exploração do pré-sal, reafirmando que vai explorar a camada, mesmo investindo em novas fontes energéticas. Para a candidata do PSB, as críticas do PT são usadas como "cortina de fumaça" para esconder os problemas na área do petróleo, decorrentes do escândalo de corrupção na Petrobras.
- Nós vamos explorar os recursos do pré-sal. Vamos usar o dinheiro que está destinado para a Saúde e Educação para a Saúde e a Educação, e não para a corrupção, como a sociedade tem medo. O que está ameaçando o pré-sal é a corrupção [na Petrobras]. Existe uma cortina de fumaça que foi lançada para desviar o debate. Uma safra que só dá uma vez precisa ser muito bem utilizada, e não drenada - argumentou Marina, durante a entrevista no Museu de Arte do Rio (MAR).
Depois de falar que "sonhava" que um partido como o PT, "que fez a distribuição de renda, pudesse se referenciar", Marina criticou o esquema de desvio de dinheiro montado na Petrobras, descoberto pela operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
- Não consigo acreditar num partido que coloca por 12 anos um diretor para assaltar os cofres da Petrobras.
Em outro momento, a ex-senadora comentou os ataques que tem sofrido. Segundo ela, PT e PSDB estão unidos em uma batalha de "Golias contra Davi". Ela disse que vem sendo vítima, por parte do PSDB "de um trabalho de desconstrução" semelhante ao sofrido por Lula.
- É uma batalha de Golias contra Davi. Dois partidos se uniram temporariamente para fazer essa artilharia pesada. O que eu sinto na sociedade é um movimento, com esperaça de fazer as mudanças. Ele (o Aécio) se perfilou ao PT fazendo a mesma forma de desconstrução - ressaltou Marina - [O PSDB] vem usando os mesmos elementos usados contra o presidente Lula. Sabe por que é dito isso? Pela minha origem e pela forma como me porto. Eu fiz a escolha pelo debate e não pelo embate.
Na sabatina, a ex-senadora também voltou a defender o fim da reeleição e o mandato de cinco anos, bandeira levantada por Aécio Neves (PSDB) no dia anterior. Ela afirmou que "quatro anos podem dar crise de abstinência" a quem quer assumir o poder. É preciso criar uma nova qualidade para o processo político. Fico imaginando o dia seguinte da população com a presidente Dilma sendo reeleita. Como acordar com tudo igual no dia seguinte? Sem mudança, fica tudo como está. Quatro anos podem dar crise de abstinência a quem quer muito o poder. Vamos dizer que quem vai governar é o povo. Estou dizendo que são quatro anos para fazer o que tem que ser feito.
A candidata disse que pretende enviar a proposta como parte de uma reforma política.
- Eu vou mandar no contexto da reforma política. Não podemos ficar no caso a caso. Consideramos a reforma política "a reforma das reformas". Nós colocamos alguns pontos para debate, queremos dialogar com as propostas que estão em tramitação - afirmou, garantindo que, apesar da pretensão de aumentar os mandatos para cinco anos, o seu terá quatro porque "não se pode mudar as regras do jogo durante o jogo".
'ESTADO LAICO NÃO É ESTADO ATEU'
Questionanda sobre a influência da religião evangélica em eventual governo, a candidata disse que "nunca negou sua fé", mas que também nunca atuou na política em favor de religião alguma, citando um parecer contrário que ela teria dado sobre projeto de lei que obrigaria a presença de bíblias em bibliotecas. Ela ressaltou, no entnato, que tem direito a exercer sua crença, pois "o estado laico não é ateu".
- Eu sou uma pessoa que tem fé desde que nasceu. Minha avó era uma católica praticante. Em 96, 97, me converti à fé cristã evangélica. Minha fé, eu nunca a neguei, nem quando católica, nem quando evangélica. O estado laico não é estado ateu. Se o presidente da república precisa negar sua fé, os cidadãos dirão: se ele não consegue garantir o Estado laico para exercer sua crença, quanto mais para mim. Estado laico é para defender a crença de todas as pessoas. E eu sou comprometida com o Estado laico.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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