domingo, 27 de julho de 2014

DEUS TUDO VÊ!

Percebo, logo existo




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O célebre escritor Jorge Luis Borges, patriarca das letras argentinas e um dos mais eruditos autores da literatura universal do século XX, reputava o futebol como exemplo de declínio cultural da humanidade ao ponto de afirmar que o futebol era "um símbolo da degradação social". Considerava o esporte como "esteticamente feio" e durante a sua vida fez inúmeras criticas a modalidade esportiva preferida por argentinos e brasileiros. Apesar de toda sua repugnância ao que chamava de uma ideia de "supremacia de poder" horrorosa, Borges produziu em parceria com Adolfo Bioy Casares um primoroso conto ficcional onde o esporte das massas é representado como pano de fundo em uma série de acontecimentos espetaculares, onde uma franca discussão sobre a questão da percepção da realidade é abordada.

No conto "Esse Est Percipi” (Existir é perceber), Borges e Bioy apresentam uma intrincada narrativa onde a vida de um torcedor de futebol é acompanhada a partir do momento em que ele se dá conta de que o estádio Monumental de Núñez - o estádio do tradicional clube River Plate, desapareceu. Ao tentar investigar o que aconteceu, ele descobre que o futebol já não era praticado em Buenos Aires havia muitos anos, e tudo o que ele sentira como real era invenção dos narradores, da TV e do rádio. “Os estádios já são demolições que se caem em pedaços. Hoje tudo se passa na televisão e no rádio. A falsa excitação dos locutores nunca o levou a pensar que tudo é mentira? A última partida de futebol que se jogou nesta capital foi no dia 24 de junho de 1937.”

Enquanto lia ontem a noite esse primoroso conto de Borges e Bioy, passei a pensar por um momento sobre o atual sistema de coisas em que a sociedade brasileira está inserida, e percebi que, na busca frenética de um povo por aquilo que defina sua identidade, por muitas vezes nos deparamos no meio do caminho diante de situações que parecem lutar pelo estabelecimento de uma "cultura" de negação da realidade no futebol, nos meios de comunicação quanto também na política, uma luta desenfreada por aquilo que consequentemente culmina com a subversão da verdade. 

Ora, apesar dos péssimos resultados da seleção brasileira na Copa do Mundo televisionada para todos os cantos do planeta, lá estavam narradores e comentaristas na TV, no rádio e demais meios de comunicação em massa elogiando a cada fim de jogo a "estupenda" atuação da seleção em campo, bem como os próprios cartolas que, no fim de tudo à despeito do reconhecimento da torcida, preferem insistir em negar a realidade com as declarações "Nós jogamos bem", "não fizemos um jogo ruim" e "não vejo como criticar a seleção hoje". Na política, enquanto a economia patina provocando ainda mais exclusão social, lá está o governo nos meios de comunicação afirmando que tudo está muito bem, embora pelas ruas e recantos de todo o país milhões expressem seu descontentamento com a elevação continua dos preços dos alimentos como resultado de uma inflação que já superou o teto estipulado pelo próprio governo onerando ainda mais o apertado orçamento das famílias mais pobres. Ao subverter a realidade a fim de torná-la imperceptível para as massas, subverte-se a própria verdade da realidade.

A luta contínua pela exibição para as massas de uma "saga heroica" que não condiz com a realidade tanto no futebol quanto na política na sociedade brasileira , não perceptível pela maioria, é uma realidade que pode ser afastada no mundo real. Evidentemente em campos opostos, a mediocridade dos governantes e dos meios de comunicação de massa é muito mais devastadora do que a mediocridade dos cartolas e das grandes corporações esportivas, porém todas podem ser sintetizadas nesse aspecto em uma única máxima de Borges sobre o futebol: “O futebol é popular porque a estupidez é popular”. Embora não tenha o mesmo ponto de vista de Borges sobre o futebol e ainda acredite que os meios de comunicação, o futebol e a política são capazes de oferecer condições de progresso quando levados a sério, penso que apenas a condição para a percepção nítida da realidade é capaz de propiciar o afastamento de forma gradual da estupidez que insiste em se estabelecer como dado cultural na multiplicidade de faces de nossa identidade como povo, nação e civilização.

Percebo, só assim de fato, existo.
 Por:Damiana Sheyla

 

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PORTO ILHA AREIA BRANCA-RN -Em 1974 foi inaugurado o porto-ilha de Areia Branca, o principal escoadouro do sal produzido no Rio Grande do Norte para o mercado brasileiro. Situado 26 quilômetros a nordeste da cidade e distante da costa cerca de 14 milhas, consiste em um sistema para carregamento de navios com uma ponte em estrutura metálica com 398m de comprimento. O cais de atracação das barcaças que partem de Areia Branca tem 166m de extensão e profundidade de 7m. Ali o sal é descarregado para estocagem em um pátio de 15.000m2 de área e capacidade para 100.000t. O porto-ilha movimenta em média 7000 toneladas de sal por dia.

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AREIA BRANCA MINHA TERRA - A cidade de Areia Branca começou como uma colônia de pescadores na ilha de Maritataca, à margem direita do rio Mossoró, diante do morro do Pontal, que marca a divisa entre as águas do rio e do oceano. A primeira casa de tijolos foi construída ali em 1867. Areia Branca é hoje um município de 23.000 habitantes e 374 quilômetros quadrados.

SE VOCÊ NÃO SABIA FIQUE SABENDO...O NOME COMPLETO DE D.PEDRO 1





Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon







Ordem: 1.º Imperador do Brasil



Início do Império: 7 de Setembro de 1822



Término do Império: 1831



Aclamação: 12 de outubro de 1822, Capela Imperial, Rio de



Janeiro, Brasil



Predecessor: nenhum



Sucessor: D. Pedro II



Ordem: 28.º Rei de Portugal



Início do Reinado: 10 de Março de 1826



Término do Reinado: 2 de Maio de 1826



Predecessor: D. João VI



Sucessor: D. Miguel I



Pai: D. João VI



Mãe: D. Carlota Joaquina



Data de Nascimento: 12 de Outubro de 1798



Local de Nascimento: Palácio de Queluz, Portugal



Data de Falecimento: 24 de Setembro de 1834



Local de Falecimento: Palácio de Queluz, Portugal



Consorte(s): D. Leopoldina de Áustria,



D. Amélia de Leutchenberg



Príncipe Herdeiro: Princesa D. Maria da Glória (filha),



Príncipe D. Pedro de Alcântara (filho)



Dinastia: Bragança