Já imaginou uma briga de casal terminar com uma mulher usando um guarda-chuva como "espada"? Ou pessoas serem internadas com insetos, ímãs e dobradiças pelo corpo? As histórias soam bizarras para quem não trabalha na área médica, mas os casos são parte da rotina das emergências em hospitais públicos do Rio.No Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, Zona Sul da cidade, o diretor Luiz Alexandre Essinger afirma que os casos estranhos são frequentes. O estabelecimento atendeu 69.076 pacientes em 2013, sem contar internados e cirurgias -- 190 em média por dia.“Quando você começa um plantão, você não sabe o que vai acontecer. Aparecem casos inusitados, ou melhor, aqueles que consideramos esdrúxulos”, relata.
Segundo ele, um paciente chegou à unidade, que fica numa área nobre da cidade, com uma mordida de porco. “O animal mordeu o braço do paciente e arrancou parte do tecido, que afetou a artéria e a veia do braço dele”, lembra.
Outra história é uma briga de casal. A mulher pegou o guarda-chuva para bater no marido que chegou bêbado e acabou enfiando no pescoço como se fosse uma espada. Essinger conta que o ferimento em cima da clavícula afetou uma artéria.O caso do ouriço-cacheiro que caiu de um poste na cabeça de uma dona de casa virou notícia. O acidente com Sandra Nabuco, de 52 anos, aconteceu no início do ano, quando ela passeava com o cachorro na Avenida Marquês de São Vicente, na Gávea. Segundo o diretor do Hospital Miguel Couto, os médicos retiraram mais de 200 espinhos.
O hospital também atendeu o operário que teve a cabeça perfurada por um vergalhão de dois metros e sobreviveu. A barra de ferro caiu do quinto andar de um prédio que estava em construção e atingiu Eduardo Leite em 2012. Ele ficou 15 dias internado em recuperação
“Os bichos entram geralmente quando as pessoas estão dormindo. Claro que eles provocam um grande incômodo. Se a pessoa quiser, ela pode matar o inseto e depois procurar o hospital, porque ele não oferece riscos sérios”, diz Walter Sedlacek Machado.Machado conta ainda que já atendeu um paciente que engoliu as dobradiças do armário.
Segundo o especialista, baterias de aparelhos eletrônicos podem causar problemas. “Nós consideramos de grande urgência, porque a bateria pode soltar um produto químico que pode corroer o esôfago ou o nariz”, explica.
“Na semana passada uma mãe trouxe um bebê que tinha engolido um imã de geladeira em formato de coração. Algumas coisas não precisam ser retiradas com tanta urgência. Mas se estiver causando algum tipo de obstrução é melhor procurar um médico”, diz.
Outro perigo apontado pelo médico é o cerol, massa de vidro utilizada em pipas. Ele lembra o caso de um homem que caminhava no calçadão de Copacabana e teve o osso cortado. “O cerol é feito com caco de vidro e com a pressão da linha, ele corta muito”, alerta.
Os médicos também já atenderam ladrões que engoliram o produto do roubo. “Geralmente a polícia traz essas pessoas aqui, a gente dá um laxante e espera expelir. Depois entregamos para a polícia já limpinho”, brinca.
Alguns pacientes dão entrada com objetos no ânus. “Tem que gente que coloca desodorantes roll-on, pepino e até mandioca. Aí os médicos têm que anestesiar para poder retirar. Os pacientes ficam internados para o procedimento. Realmente perigoso, porque pode causar uma obstrução intestinal”, relata o médico.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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