Em tempos de níveis historicamente baixos nos reservatórios das hidrelétricas, o consumo de energia elétrica pressionou menos no mês passado. A carga de energia gerada no País, caiu 6,2%, em março deste ano, na comparação com fevereiro, quando registrou recorde, informou, ontem, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O alívio no calor, o carnaval e a atividade morna na indústria explicam o consumo menor, segundo o órgão. No Nordeste, entretanto, o recuo no volume de energia utilizada foi bem menor, registrando uma queda de apenas 1,3%.
A carga é a soma do consumo de energia com as perdas do sistema. Em março, a média nacional ficou em 65,086 mil megawatts (MW) médios. Em relação a março de 2013, o dado representa alta de 2,5%. Na região Nordeste, por sua vez, a carga ficou em 10,113 mil MW médios, elevação foi de 1,8%.
Reservatórios em baixa
O segundo ano seguido de seca severa, com verão menos chuvoso, levou o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas para perto dos patamares de 2001, quando o País precisou entrar em racionamento. Os reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste (70% do armazenamento do País) terminaram março com nível médio de 36,27%.
O quadro não deverá melhorar muito neste mês, que marca o fim do período úmido na maioria das regiões. Na última sexta-feira, o ONS anunciou uma revisão na projeção de chuvas para abril, de 83% para 70% do volume histórico, para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. Com isso, o nível dos reservatórios deverá ficar em 36,5%.
Com a oferta restrita, o quadro de crise se agrava com a elevação do consumo. Desde o ano passado, a medida do governo federal para reduzir o custo de eletricidade derrubou os preços da conta de luz e incentivou o consumo residencial. Em fevereiro, o consumo de eletricidade foi recorde. A carga de energia atingiu 69,397 mil MW médios. Segundo o ONS, no mês passado houve um recuo desse pico, em parte por causa do carnaval.
Além disso, a atividade industrial não incentivou o consumo de energia pelas empresas. "Segundo divulgação da Sondagem da Indústria da Fundação Getúlio Vargas referente a março de 2014, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) diminuiu 0,2 ponto porcentual, ao passar de 84,6% em fevereiro para 84,4% em março, sinalizando uma possível redução da carga industrial neste mês", destaca o ONS. Outra explicação para o recuo do consumo em relação ao recorde de fevereiro foi o intenso calor registrado em fevereiro. Naquele mês, o crescimento do consumo foi forte, por causa do acionamento dos aparelhos de ar condicionado.
Uso consciente
Com a expectativa de mais uma aumento na conta de luz, os cearenses devem ficar atentos para não extrapolar o orçamento. Se aprovado pela Aneel, o índice de reajuste poderá chegar a quase 14% (13,83%), conforme o pleiteado pela Companhia Energética do Ceará (Coelce).
Atualmente, a Coelce atende a quase 3,2 milhões de unidades consumidoras, sendo a maior parte concentrada na classe residencial, com 79% do total (2,53 milhões) - 40% consumidores convencionais (1,28 milhão) e 39% baixa renda (1,25 milhão). A segunda maior fatia fica com a classe rural (14% ou 448 mil unidades), seguida da comercial (6% ou 192 mil consumidores).
Comissão do Senado aprova mudanças no Simples
Brasília. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou ontem, em votação simbólica, um projeto que trata da substituição tributária para os optantes do Simples Nacional. Os senadores concordaram com o parecer apresentado pelo relator na comissão, Armando Monteiro Neto (PTB-PE), que diminui a lista de produtos sujeitos ao regime especial de tributação.
A matéria seguirá agora para o plenário da Casa. Se for aprovado, o texto segue para apreciação dos deputados federais. A substituição tributária foi criada para simplificar a cobrança de tributos de setores, que têm como característica produção concentrada e venda pulverizada, como bebida, cigarro e pneus.
Contudo, segundo o relator, "lamentavelmente", quase todos os Estados alargaram para as micro e pequenas empresas (MPEs)esse regime de tributação, inclusive àquelas que estão no Simples Nacional. Na prática, isso levou a um aumento da carga tributária das MPEs.
Debate
A discussão do tema tem merecido especial atenção do Palácio do Planalto. Na semana passada, num evento em Brasília, sobre empreendedores, a presidente Dilma Rousseff falou sobre o assunto. O ministro da Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, é favorável à mudança nesta forma de tributação.
O relator estima que, se a proposta virar lei, um milhão de micro e pequenas empresas serão beneficiadas, porque serão retiradas desse regime de recolhimento de impostos. Ele disse, conforme estudo feito pela Consultoria Legislativa do Senado, que a mudança vai reduzir de 1,15 milhão as empresas alcançadas desse porte pela substituição tributária para apenas 155 mil.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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