domingo, 13 de outubro de 2013
Secretário geral da Fifa detona Romário: ‘Ele ultrapassou os limites da decência’
A oito meses da Copa do Mundo, o “Homem das sombras” - como certa vez o jornal francês “Le Monde” chamou Jérôme Valcke, o secretário geral da Fifa - está menos arredio à luz. O tom da conversa agora é diferente do tempo das declarações polêmicas, como a de dar um “chute no traseiro” do Brasil para tomar jeito, em março de 2012, e a de que “menos democracia às vezes é melhor para organizar uma Copa”, em abril passado. Foi um Valcke mais diplomático que recebeu o Jogo Extra no QG da Fifa, na Zona Oeste do Rio. Mas quando o assunto é Romário...
Em que pé está a organização da Copa, em termos de infraestrutura?
Na Copa das Confederações tivemos seis estádios que apresentaram alguns problemas, mais em termos de organização do que por questões que afetassem o público, porque a preparação das coisas foi concluída de última hora. Houve estádios onde a qualidade do gramado ainda não foi a desejada. Vamos ter que ver qual é o número de jogos autorizados nesses estádios até a Copa do Mundo porque precisamos garantir gramados da melhor qualidade. Quando uma seleção chega à Copa, ela quer jogar nas melhores condições. A Copa é o Rolls-Royce das competições. As equipes querem as melhores condições e as melhores instalações possíveis. Acabamos de concluir as visitas às 12 cidades-sedes e pudemos constatar que ainda há muito trabalho a fazer. Se você vai a Cuiabá, Manaus, Porto Alegre vai ver que há trabalho não só para terminar os estádios - e isso me inquieta menos -, mas no entorno dos estádios. É isso, acho, que o público não entende muito bem: um estádio de Copa do Mundo nada tem a ver com um estádio normal. Ele precisa de um conjunto de elementos externos que são fundamentais. Por que? Você tem milhares de jornalistas trabalhando, milhares de espectadores e de convidados internacionais. É preciso um nível de acolhimento e hospedagem que é muito alto. A cada jogo do Brasil, a mobilização será como se fosse uma final. Isso tudo precisa de infraestrutura adequada. O mundo inteiro vai estar voltado para o evento. Atingir essa qualidade é a nossa prioridade até março de 2014, no máximo.
Quando o Maracanã será entregue à Fifa e em que condições espera recebê-lo?
Existe um prazo para a entrega dos estádios, que é de 21 dias antes da Copa. O que se espera é que até lá se use o bom senso quanto ao número de jogos que serão realizados num estádio que vai receber a final do Mundial, porque é preciso ter o melhor gramado, as melhores condições de trabalho para as emissoras de TV, a melhor estrutura para o bom funcionamento de todo o conjunto. É preciso entregar as chaves à Fifa com o estádio configurado para a Copa do Mundo. Isso é algo inegociável. A CBF teve uma negociação com a Fifa e concordamos em que os estádios teriam um período protegido para a Copa.
Nunca houve preocupação em relação a isso.
A Fifa recebeu mais de seis milhões de pedidos de ingressos para a Copa do Mundo. Na Copa das Confederações houve problemas com a retirada dos bilhetes. Que lições ficaram para evitar a repetição das filas no Mundial?
A maioria dos pedidos corresponde aos jogos da abertura e da final, e às partidas do Brasil. Nesses e em outros casos em que a procura for maior do que a oferta haverá sorteio. Teremos um sistema de entrega via postal e pontos de retirada em todas as cidades-sedes. Nós vamos ter que garantir uma distribuição mais fácil e flexível. Se dez aviões chegam ao mesmo tempo a um aeroporto e há cinco pontos de controle de passaporte você leva três horas para passar. Mas se você puser 50 pontos de controle, o tempo cai para 30 minutos.
A CBF modificou o calendário de 2014 levando em conta os compromissos da Copa do Mundo. Isso levou os jogadores a se organizarem como grupo de pressão. Como o senhor vê essa situação?
Vocês têm um calendário duplo [campeonatos estaduais e nacional]. Mas, sejamos claros, o calendário internacional vale para todos e foi elaborado com a participação das federações, dos clubes e dos jogadores. Ele é respeitado no mundo inteiro e faz parte do estatuto da Fifa. Ele é respeitado no mundo inteiro e faz parte do estatuto da Fifa. Em relação às seleções, a liberação dos jogadores tem de ocorrer 72 horas antes de jogos oficiais e 48 horas antes de amistosos, e isso é respeitado no mundo inteiro. O Brasil não é diferente dos outros. Onde há calendários diferentes, se busca uma adaptação às datas internacionais.
Em relação aos protestos que vêm ocorrendo no país, como a Fifa vê a situação?
Eu sou cidadão de um país [a França] que é profissional das manifestações políticas. Temos manifestações nas ruas e elas fazem parte do princípio da expressão popular. E no Brasil não é diferente. O que aconteceu durante a Copa das Confederações foi algo totalmente inesperado, não só para a Fifa como também para vocês, da imprensa, para as autoridades, para a polícia. A maior parte dessas manifestações era pacífica, mas quando a noite cai os morcegos saem às ruas não para se manifestar, mas para se aproveitar da situação e fazer baderna. São vândalos e eles não se restringem ao Brasil. Vemos isso por toda a parte. É difícil ocorrer uma manifestação que não termine em conflito entre os vândalos e a polícia. E quando são mostradas imagens de carros em chamas, de barricadas pegando fogo, isso dá a impressão de “guerra civil”. A pergunta que nós fizemos durante os protestos, e depois, foi se essas manifestações realmente visam a Copa do Mundo. Se realmente esse é o problema principal e a grande preocupação no Brasil. E o resultado da nossa pesquisa mostra que estamos bem longe disso. A Copa do Mundo, e a Copa das Confederações, na época, é a plataforma perfeita para manifestações, porque o evento é uma caixa de ressonância e tem uma audiência muito importante. Há problemas fundamentais no Brasil, como há também em muitos outros países, nesse momento. Nós não somos contra, e nunca seremos contra a democracia, as manifestações populares. O que a gente pede, e espera, é que haja um reconhecimento do outro lado de que, como durante a Copa das Confederações, quando milhares de pessoas foram aos estádios e milhares de manifestantes saíram às ruas, todos têm o direito de viver o evento como desejarem. Aqueles que quiserem aproveitar o evento para se manifestar não deveriam fazê-lo em detrimento daqueles que compraram ingressos para assistir aos jogos.
O senhor acredita que as manifestações possam afugentar os estrangeiros?
Potencialmente eu diria talvez, mas a quantidade de pedidos de ingressos que recebemos mostra que, apesar de a maioria ser de brasileiros, você tem um interesse nessa Copa que é monumental. Se você é amante do futebol, esqueça as críticas que se fazem à Fifa, à organização da Copa, aos gastos públicos e privados, esqueça tudo isso, as manifestações, tudo. Sinceramente, onde um amante do futebol quer vivenciar a experiência de uma Copa do Mundo se não no Brasil? O berço do futebol-samba, o país que ganhou cinco mundiais. E todos querem ver o desafio de o Brasil não só ganhar o sexto título, mas de conquistá-lo em casa e apagar as más lembranças de 1950. Eu acho que não importam as imagens mostradas ao mundo sobre as manifestações durante a Copa das Confederações, o verdadeiro fã do futebol virá ao Brasil.
Nas manifestações, muitas vezes são exibidos cartazes, em tom jocoso, que se referem ao “Padrão Fifa”, pedindo escolas, hospitais, serviços públicos com “Padrão Fifa”. Como o senhor avalia a imagem da Fifa no Brasil?
Eu acho que essa ironia é dirigida ao governo, não à Fifa. Tem a ver com as reivindicações. É verdade que o “Padrão Fifa” é um padrão muito elevado. E a Fifa exige o melhor quando se trata da organização de uma Copa do Mundo. A Copa é a pedra fundamental na pirâmide que permite financiar o futebol mundial. A crítica à Fifa representa a crítica à autoridade. Temos relações com as autoridades, o governo... há esse lado de jamais gostar da autoridade. Por princípio, numa democracia, eu acho que não há muita gente que goste da polícia, da autoridade, das estruturas que dão ordens. E a Fifa tem dois lados: um que organiza a Copa - e ninguém critica a Copa do Mundo - e o outro em que ela é a entidade que regulamenta o futebol e que é vista como uma autoridade, que é sujeita a críticas, sujeita a esse relacionamento um pouco conflituoso.
Quais são os projetos sociais que a Fifa tem para o Brasil?
Estamos trabalhando em cerca de 30 projetos na área social, de responsabilidade social, com ONGs no Brasil. Tudo isso será detalhado numa entrevista coletiva que pretendemos realizar no início de 2014. Mais concretamente, vamos trabalhar em projetos que vão começar no início do ano que vem. Nossa preocupação é com o desenvolvimento do futebol e a inserção da juventude. Nos preocupamos também com um problema que atinge cada vez mais jovens: a obesidade e como o esporte pode ajudar a combater esse fenômeno.
Por que Pelé não tem participado tão ativamente da promoção da Copa?
Não é a mim que você deve perguntar isso, mas a ele. Se não me falha a memória, ele foi nomeado embaixador da Copa pela presidente da república, mas não sei qual é a ligação, a relação, o contrato, os compromissos que ele acertou com o (governo do) Brasil. Para nós, Pelé faz parte daquela galeria de jogadores lendários e temos uma boa relação com ele.
E em relação a Romário?
Romário é outra coisa. Ele é anti-Fifa, anti-Jérôme Valcke, antitudo. Romário, para mim, não tem qualquer futuro na promoção da Copa do Mundo. Não há razão alguma para imaginar um trabalho com Romário.
Houve alguma tentativa de diálogo com ele?
Com Romário? Houve até uma reunião que tivemos com ele em Zurique, e da qual participou o presidente da Fifa (Joseph Blatter). Foi na época em que Romário fazia declarações sobre os ingressos e os diferentes pacotes de ingressos. A reunião até transcorreu bem. Foi um pouco fria no início, mas depois transcorreu bem, e foi para explicar a Romário que certas informações de que ele dispunha não eram exatas. Mas Romário fez da Fifa, de mim mesmo e do presidente da Fifa um campo de batalha, dizendo que éramos as piores pessoas do mundo. No futebol há centenas de milhões de pessoas, e você tem um que vem e faz isso... Eu espero que Romário compareça mesmo assim, se o Brasil chegar à final, e torça pela seleção de seu país na decisão.
Mas o senhor continua aberto ao diálogo com Romário?
Dialogar? Acho que Romário não tem vontade alguma de dialogar comigo. A Fifa está aberta a conversar com quem quer que seja, mas não sou eu que vou até Romário para lhe pedir que dialogue. Ele falou tanta coisa negativa sobre mim que não vejo por qual motivo eu iria vê-lo. Se, agora, Romário quer explicações e me envia cartas oficiais para que eu vá a esse ou aquele lugar para dar explicações, como se eu fosse acusado de algum crime, eu não responderei. Há um limite, e acho que Romário ultrapassou os limites da decência, muitas vezes.
Mudando de assunto, dois casos que apareceram recentemente na imprensa voltaram a chamar a atenção para a questão da naturalização de jogadores a fim de que eles atuem por outras seleções: o do brasileiro Diego Costa, do Atlético de Madri e que é pretendido pela Espanha, e do jovem Zanduzaj, do Manchester United, que é disputado por vários países. Qual é a posição da Fifa?
A Fifa tem regras específicas sobre esse assunto. Tentamos reconhecer que todo jogador tem o direito de jogar por uma seleção, mas se uma escolha é feita, se o jogador participa de um jogo pela seleção principal de um país, não poderá mais atuar por outra seleção.
Mesmo se o jogo for um amistoso?
Eu não me recordo do teor exato da regra, mas sei que ela é bem precisa. No caso específico de Diego Costa, a Fifa pediu à federação espanhola que apresente toda a documentação necessária para que o pedido seja analisado. Quanto a Zanduzaj, nenhuma solicitação foi recebida pela Fifa até o momento.
No próximo ano, haverá eleições na Fifa. O senhor é candidato à presidência da entidade?
O que eu quero é concluir a organização da Copa, que o evento seja um sucesso. Depois da Copa, quero tirar férias.
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Início do Império: 7 de Setembro de 1822
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Aclamação: 12 de outubro de 1822, Capela Imperial, Rio de
Janeiro, Brasil
Predecessor: nenhum
Sucessor: D. Pedro II
Ordem: 28.º Rei de Portugal
Início do Reinado: 10 de Março de 1826
Término do Reinado: 2 de Maio de 1826
Predecessor: D. João VI
Sucessor: D. Miguel I
Pai: D. João VI
Mãe: D. Carlota Joaquina
Data de Nascimento: 12 de Outubro de 1798
Local de Nascimento: Palácio de Queluz, Portugal
Data de Falecimento: 24 de Setembro de 1834
Local de Falecimento: Palácio de Queluz, Portugal
Consorte(s): D. Leopoldina de Áustria,
D. Amélia de Leutchenberg
Príncipe Herdeiro: Princesa D. Maria da Glória (filha),
Príncipe D. Pedro de Alcântara (filho)
Dinastia: Bragança
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