Lateral com alma de atacante, Marco Antônio Feliciano fez história nos anos 70 por ser um dos primeiros da posição a buscar o jogo ofensivo incessantemente. O estilo para um defensor, na época, abriu portas e o levou longe. Com apenas 18 anos, ele saiu do juvenil do Fluminense para estourar no time principal e ser titular da seleção brasileira. Uma trajetória para poucos, reverenciada até hoje, principalmente pelos torcedores tricolores, que o apontam como o melhor lateral-esquerdo da história do clube das Laranjeiras.
“Fui um dos primeiros alas. Era audacioso, gostava de driblar, atacar. O juiz dava a saída de bola e eu me mandava sem medo para o ataque. Eu não sabia marcar, mas o Denilson (volante do Flu) fazia isso para mim. Por isso sempre pagava a ele o bicho dobrado”, diverte-se
Revelado pela Portuguesa Santista em 1968, Marco Antônio
decolou de vez na carreira quando chegou às Laranjeiras e foi lançado no
profissional pelo mestre Telê Santana. E o garoto não decepcionou.
Conquistou o Campeonato Brasileiro em 1970, quatro estaduais (1969,
1971, 1973 e 1975), e disputou duas Copas do Mundo, em 1970 e 1974. Não
demorou muito para ser chamado pelos radialistas cariocas de "A
Maravilha das Laranjeiras".
“Jorge Cury e Waldir Amaral (locutores) me
deram esse apelido porque achavam que eu jogava o fino da bola. Fico
orgulhoso”, diz o ex-jogador, que também desfilou seu futebol no Vasco e
no Bangu, antes de encerrar a carreira, precocemente, aos 32 anos, no
Botafogo.Mas o ex-lateral não conseguiu ficar muito tempo longe do futebol: “Hoje sou empresário. Trabalho com garotos promissores de 16 a 18 anos, que negocio para fora do país.”
Missão nada fácil com a atual falta de campos para a garotada: “Na minha época, os jogadores saíam da várzea, mas hoje falta até campo, só tem na Baixada, que é o novo celeiro de craques.”
Das futuras joias da Baixada, Marco Antônio espera que muitos sigam o seu exemplo.
“Se fosse começar hoje a jogar, seria novamente lateral. Está faltando... Hoje só tem o Marcelo, que é meio maluquinho, o Maicon e o Daniel Alves. É muito pouco para a nossa história”, lamenta.
Lembrança do tiro de Castor e da final do Carioca de 1971
Em sua carreira, Marco Antônio ficou marcado por dois episódios. Um deles, que suscita polêmica até hoje, envolve o gol da final do Carioca de 1971, quando o Flu bateu o Botafogo por 1 a 0. Na jogada decisiva, ele dividiu a bola com o goleiro Ubirajara, que reclamou de falta com o árbitro José Marçal Filho, que nada marcou.
“O Oliveira cruzou e eu me choquei com o Ubirajara. Ele largou a bola no pé do Lula, que marcou. Mas eu não o empurrei. O juiz acertou”, garante.
Sua passagem pelo Bangu também lhe rendeu um bom "causo". Cansado, chegou ao treino mais cedo e deitou no gramado. O patrono do clube, Castor de Andrade, o despertou com tiros de revólver.
“Tinha perdido a mulher, cheguei ao treino e coloquei a cabeça em cima da bola para pensar na vida, mas não dormi. O Castor não atirou para acertar.”
Barrado duas vezes por Zagallo
Marco Antônio se orgulha de ter duas Copas no currículo. Em 1970, chegou à Seleção com status de titular, mas perdeu a vaga. Em 1974, não chegou a atuar.
“Joguei em todos os amistosos e as Eliminatórias. Mas antes do jogo contra a Tchecoslováquia, em 70, decidiram que o Everaldo ia jogar porque marcava mais. Foi uma decisão tática. Mas ficou tudo certo, porque queria estar no bolo. Teve gente que viajou e nem jogou”, lembra.
Na Copa de 1974, no entanto, ele não teve a mesma sorte.
“O Marinho Chagas foi o titular. Mas eu podia ter jogado quando o Brasil estava desclassificado. Achei errado da parte do Zagallo”, reclama.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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