A alta da inflação continuará a ser um desafio para o Banco Central até 2015, primeiro ano do próximo governo. A instituição projeta que o IPCA seguirá acima do centro da meta de 4,5% até o segundo trimestre daquele ano. A informação constou pela primeira vez de uma ata do Comitê de Política Monetária (Copom). A ata foi divulgada na última quinta-feira (5).O documento detalha os motivos que levaram o colegiado a aumentar a Selic para 9% ao ano na semana passada e sinaliza que continuará a subir os juros, diante da piora nas suas próprias previsões de inflação.
A ata traz também mudança importante em relação à avaliação sobre a condução da política fiscal e cita a necessidade de fortalecer a confiança de empresas e famílias para garantir a aceleração da economia brasileira. A avaliação do comitê, no entanto, é de que o ritmo de alta dos juros praticado até o momento tem sido “apropriado”, o que abre portas para expectativas de novas elevações de 0,5 ponto porcentual da taxa básica de juros.
Em meio à tendência de alta do dólar, o BC repetiu que o repasse dessa elevação para a inflação pode e deve ser limitado pela política monetária. Mesmo assim, a perspectiva do Copom é de avanço dos preços neste e no próximo ano, com todas as previsões também acima do centro da meta de 4,5%.
Ainda sobre esse tema, a ata destacou que o aumento dos índices ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação mostre resistência. Apesar de citar uma menor dispersão dessas elevações, o documento voltou a mostrar preocupação em relação à piora da percepção dos agentes econômicos sobre a dinâmica dos preços. É preciso, de acordo com o BC, que esse processo seja revertido o mais rápido possível.
Neutralidade
Numa ata marcada pela repetição de vários trechos da ata de julho. Houve mudanças relevantes em apenas quatro dos 15 parágrafos principais. Além da resistência inflacionária, um dos temas mais relevantes entre os alterados é o da avaliação da política fiscal.
Foram retiradas as menções de que a condução dessa política é expansionista e o BC diz agora que foram criadas condições para que o setor público caminhe em direção a uma zona de neutralidade, o que pode indicar a concretização desse “deslocamento” apenas em 2014. O tema era motivo de tensão com o Ministério da Fazenda e a mudança se dá após o anúncio de um corte adicional de R$ 10 bilhões do Orçamento e do projeto orçamentário para o próximo ano.
Analistas do mercado financeiro interpretaram essa nova visão do BC de formas bem distintas. Para o economista-chefe do Itaú-Unibanco, Ilan Goldfajn, por exemplo, a mudança do Copom pode indicar que uma alta adicional de juros para equilibrar as pressões inflacionárias não é muito grande. Já para o codiretor de pesquisas para América Latina do Banco Barclays, Marcelo Salomon, o BC espera que a política fiscal exerça seu papel para conter a inflação. “Contudo, caso isso não ocorra, isso poderia gerar um movimento de alta de juros mais prolongado.”
A ata frustrou o mercado ao não trazer uma nova perspectiva para o aumento dos preços da gasolina. Foi mantida a projeção de reajuste de 5% para 2013.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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