Aparelhos sem fio, microprocessadores, baterias móveis, GPS, cronômetros a quartzo, detectores de fumaça... Além de estarem presentes no cotidiano das pessoas, essas tecnologias têm em comum o fato de serem resultado de avanços na área espacial. Desde o programa Apollo, da Nasa (a agência espacial americana), no final dos anos 1960, os eletrônicos de consumo têm herdado muitas soluções tecnológicas aplicadas no espaço têm trazido praticidade, segurança e conforto à vida das pessoas em terra firme. E a evolução continua. Entre os próximos avanços que podem "cair do céu" para serem incorporados aos eletrônicos do nosso dia a dia estão tecnologias como energia sem fio, sensoriamento remoto e comandos ativados por voz. "Os avanços tecnológicos realizados para viagens e exploração espacial continuarão a influenciar de forma dinâmica a concepção de novos produtos de consumo", diz Edward Tunstel, especialista em robôs no Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins e membro sênior do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).Graças a esses investimentos em pesquisa e desenvolvimento voltados para o espaço - por parte de órgãos governamentais, instituições e empresas -, os usuários em terra firme poderão usufruir, num futuro não tão distante, de aparelhos que, por exemplo, não precisam de baterias ou de fios de energia para funcionar. Como energia e seu uso eficiente por aparelhos eletrônicos é um item primordial nas missões espaciais, a pesquisa espacial tem se concentrado no desenvolvimento de um tipo de tecnologia que capte a energia solar e faça sua distribuição a outros dispositivos por redes sem fio.
"Energia sem fio já é transmitida por uma rede sem fio para emitir uma carga. Mas ainda está para ser determinado se desenvolveremos uma rede separada para simplesmente transmitir a potência ou se vamos utilizar redes sem fio existentes para emitir carga, de uma forma também sem fio, para os dispositivos no espaço ou em casa", pondera Tunstel. "De qualquer maneira, a energia pode ser transmitida a partir de uma caixa similar a um roteador sem fio para um meio semelhante de tecnologia aberta. Isto pode conseguir alimentar o seu liquidificador, televisão e máquina de lavar roupa, eliminando a necessidade de conectá-los por um fio", completa.Soluções acessíveis
O controle de voz, algo que já vemos em prática em aparelhos celulares inteligentes, também pode ser ainda mais aprimorado com a evolução da tecnologia espacial. Na busca por tornar os aparelhos mais leves, com vistas à redução de custos do peso nas viagens, o controle por voz é um item chave. Aparelhos mais simples, com menos botões tornam a tecnologia mais acessível.
"O avançado controle de voz que está sendo desenvolvido para o espaço terá um enorme impacto sobre a forma como outros eletrônicos de consumo, como dispositivos móveis, serão desenvolvidos. Os sistemas finalmente vão se tornar fáceis de usar e o tamanho do dispositivo de controle deixará de ser um obstáculo", diz Norm Augustine, também membro do IEEE e presidente do Comitê de Análise de Planos de Voos Espaciais Tripulados dos EUA.
"A redução significativa do peso e as tecnologias de controle de voz irão ajudar a reduzir drasticamente o custo, o que por sua vez tornará a viagem espacial em um evento comum até 2050. No entanto, os consumidores não terão que esperar tanto para se beneficiar de todos os avanços tecnológicos, como o controle por voz, que acabará sendo uma realidade para a viagem espacial comercial". Já são significantes as iniciativas de empresas privadas. Uma delas ganhou manchetes em outubro do ano passado, quando o paraquedista austríaco Felix Baumgartner saltou da estratosfera numa missão cujo objetivo foi quebrar vários recordes e ajudar a contribuir em pesquisas científicas.
O sensoriamento remoto e a computação aplicada nos veículos e robôs de exploração são outro avanço. "Veículos como o Curiosity, controlados a partir da Terra, têm ampliado a necessidade de precisão na movimentação", comenta Richard Garriot, membro do IEEE e presidente da Space Adventures, empresa privada de exploração espacial. "Usos práticos dessa tecnologia já nos permitiu criar membros artificiais para seres humanos, que agora podem sentir os membros reais aos quais estão ligados e assim funcionar como um verdadeiro apêndice", diz Garriot.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus,
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