FGV prevê ´suave declínio´ da inflação

A segunda prévia da inflação, medida pelo Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), ficou em 0,11% em agosto, ante 0,24% em igual período, em julho, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Mais uma vez, o recuo no preço dos alimentos foi o principal responsável pela redução no ritmo da inflação. Após duas fortes desacelerações, a projeção para os próximos meses é de uma "trajetória de suave declínio", segundo o coordenador da pesquisa, Salomão Quadros.

A avaliação do economista se estende também para o IPCA, indicador do IBGE que serve de parâmetro para as políticas de controle inflacionário do governo. Na passagem de junho para julho o índice ficou 0,03%, e no acumulado de 12 meses, 6,27% - abaixo do teto da meta, de 6,5%. Segundo Quadros, "gradativamente, a taxa nos próximos meses pode ficar abaixo dos 6%". "Em 12 meses, as taxas vão cair gradativamente em substituição às altas do ano passado, quando o preço da soja subiu muito influenciado pela safra americana".

Para o economista, o índice atual do IGP-M está baixo para o cenário de pressão inflacionária do País. "O indicador está mais ou menos estabilizado, podendo indicar um controle da inflação". Segundo Quadros, o recuo registrado na segunda prévia do IGP-M de agosto não foi mais expressivo em função da desvalorização cambial.

"Sem a desvalorização, a soja teria caído ainda mais. Os alimentos repassam mais rápido ao consumidor essa variação", explica. A queda na soja foi de -4,48% na segunda prévia de agosto, ante alta de 4,76% em julho. Mesmo com o repasse, a inflação nos itens de alimentação desacelerou. O Índice de Preços por Atacado (IPA) registrou taxa de 0,10% ante 0,24% em julho. Tanto a deflação dos alimentos in natura (-6,18% em julho para -1,11% em agosto) quanto a inflação dos processados (1,64% para 0,33%) apresentaram recuos. A redução atinge também o indicador da Matéria Prima Bruta, integrante do IPA. Na segunda prévia de agosto, o índice registrou taxa negativa de 1,17% em comparação com alta de 0,37%, em julho. Esse cenário, segundo Quadros, explicaria a aposta numa desaceleração contínua nos próximos meses. "É uma desaceleração presente em diversos produtos, como soja, milho e trigo".

Freio nos aumentos
Mesmo com um freio no ritmo de aumento de preços, as altas registradas nos preços dos alimentos no atacado já foram absorvidas pelo consumidor final. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da segunda prévia do IGP-M indica alta de 0,07%, ante 0,01% em julho. Um dos itens que mais sentiram os efeitos foi o leite in natura que acumula alta de 20,13% em 12 meses.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus