Apesar de sua base de apoio no Congresso apresentar o maior grau de infidelidade desde 1989, a presidente Dilma Rousseff (PT) procurou aliviar ontem a tensão com aliados no Legislativo, que retomará hoje votação de projetos que interessam ao governo.Ela cobrou empenho dos parlamentares para a aprovação da medida provisória do programa Mais Médicos. Único anúncio sobrevivente dos pactos anunciados após a queda de popularidade, o projeto, segundo a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), também presente na reunião, recebeu apoio "contundente" dos líderes.
"Hoje foi o início de uma retomada do período legislativo que terá grandes resultados na pacificação e no afinamento total da viola com a base no Congresso Nacional", garantiu disse o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE). Segundo a ministra Ideli, "a reunião teve um resultado de muita animação e de muita disposição dos próprios líderes de dar encaminhamento e trazer sugestões".
O líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), elogiou o encontro de três horas de dirigentes da base aliada e o Executivo. Para Cunha, já era hora de se mudar a "metodologia" da relação, que andava desgastada. Ele ressaltou que a nova atitude do Palácio do Planalto "facilita a vida" da base governista. "Isso sinaliza a inauguração de uma nova metodologia", comemorou o parlamentar, que é visto com reservas pelo governo.
O encontro contou com quatro ministros - Ideli , Aloizio Mercadante (Educação), Alexandre Padilha (Saúde) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil)- , além do vice-presidente Michel Temer.
Base aliada
Antes de se reunir com os líderes governistas, Dilma afirmou, em entrevista coletiva, que considera "democrático" eventual motim em sua bancada, mas negou ser alvo de hostilidade dos congressistas. "Eu tenho a impressão que a base (aliada) só é brava com você, comigo ela não é brava", disse a uma jornalista.
Questionada sobre o risco de rebelião no seu bloco de sustentação, Dilma evitou entrar em atrito com os parlamentares. "Eu acho que a diferença de opiniões é possível e acredito que nós vamos construir um caminho muito seguro para o Brasil".
No primeiro semestre deste ano, integrantes dos nove partidos com ministérios votaram 69% das vezes seguindo a orientação governista na Câmara, segundo dados do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, percentual mais baixo de fidelidade desde a redemocratização.
Pauta
Estão na pauta do Congresso Nacional temas delicados ao governo, como Orçamento impositivo, análise de vetos presidenciais a projetos de parlamentares. Há ainda questões como a sugestão de plebiscito para a reforma política, ideia lançada pelo governo, mas que encontra resistência no Legislativo.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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