
Em mais um ano de seca, com reservas hídricas em baixa em todos os grandes reservatórios e usinas hidrelétricas no País, o uso de energias renováveis ganha força no Ceará e no Nordeste e ascende o alerta à abertura de novos negócios. Diante do potencial que a região dispõe de geração de energias alternativas, notadamente a dos ventos, onde só no Ceará, 19 parques eólicos estão em operação, além de apresentar potência operacional de 588,8 Megawatts/hora (MW/h), empresários cearenses voltam a se mobilizar e a discutir, agora, formas de internalizar a tecnologia e participar mais dos negócios que giram em torno da cadeia produtiva do setor eólico."Gerar energia eólica nós já aprendemos, já sabemos, o que nos interessa agora é transformar essa energia em novos negócios, em empregos", destacou o consultor de Energia da Fiec, Jurandir Picanço.Conforme expôs na manhã de ontem, durante a realização do 4º Fórum de Oportunidades de Negócios em Energias Renováveis, na Fiec, as empresas geradoras de energia eólica ainda importam muitas máquinas e equipamentos, que poderiam ser produzidas no Ceará.
Maior participação"As empresas cearenses poderiam participar mais desse mercado", defende Picanço, lembrando que outros 24 parques eólicos estão em construção no Estado, que empresas de equipamentos, transporte e logística - de fora -, estão se instalando no Estado, mas poucas são as empresas cearenses participantes desse "bolo", da cadeia produtiva do setor energético.Picanço reconhece que o setor ainda encontra resistências para avançar, a começar pela deficiência na infraestrutura de transmissão e de linhas de distribuição de energia eólica. Somente no Ceará, por exemplo, 622 MW/h de energia eólica estão prontos para ser gerados, mas se encontram "represados" por falta de linhas de transmissão.Além do atraso na construção dessas linhas, por parte da Chesf, sobretudo; outro problema está na disposição espacial dos parques eólicos, muito dispersos e muitos distantes um dos outros. "Se tivéssemos linhas já instaladas em áreas determinadas, isso facilitaria a instalação de linhas (de transmissão) e a atração de novos negócios", avalia Picanço.
PreçosPalestrante do fórum, o vice-presidente do Conselho Administrativo da ABEEólica, Pedro Cavalcanti, também cobrou maior velocidade do governo Federal na solução dos problemas de infraestrutura. Ele questionou ainda, os preços do MW/h, em torno de R$ 89,00, praticados nos leilões de energia eólica."O planejamento da transmissão não pode vir a reboque do planejamento da geração", afirmou Cavalcanti. Segundo ele, embora o problema não esteja em situação alarmante, ainda não existe conexão disponível para escoar a produção dos projetos contratados nos últimos leilões de energia dos ventos, para os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará.Para Cavalcanti e para Picanço, uma solução, nesse sentido, seria o poder público garantir a infraestrutura necessária para que o setor possa evoluir de acordo com o potencial da região Nordeste e do Brasil.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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