A seca no Nordeste, segundo alguns, já é a maior dos últimos 40 anos. Mas, diferentemente do que faziam os seus em anos passados, o jovem agricultor Francisco Matias, 20, não encontrou na estiagem motivo para deixar o sertão. Pelo contrário. Há quatro anos no ofício, ele resolveu agora investir na ampliação de sua plantação, contratando, ontem, um empréstimo de R$ 12 mil para um kit de irrigação, por meio do Agroamigo Mais, programa de apoio ao microcrédito rural que acaba de ser lançado pelo Banco do Nordeste (BNB).Matias produz, junto com o pai, mamona e maracujá em sua fazenda de 35 hectares, no distrito de São Miguel, em Quixeramobim. Mas só ocupa dois desses hectares com produção, um para cada cultura. "Quero ampliar a área plantada para cinco hectares e, dependendo da chuva, plantar também pimentão e tomate", explica. É a primeira vez que ele faz um empréstimo, assim como também esta foi a primeira vez que o BNB contrata um crédito produtivo nesse valor para a agricultura familiar.
Nova linhaO Agroamigo Mais é uma nova linha dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que estende a R$ 15 mil os contratos para agricultores familiares, que antes tinham à disposição o limite máximo de R$ 2,5 mil. "Vamos estender o programa para um grupo maior, que visa exatamente atender a um desafio que nós temos esse ano que é de elevar o crédito em 30% do que nós emprestamos no ano de 2012", aponta o presidente do BNB, Ary Joel Lanzarin.Em 2012, a instituição financeira de fomento emprestou R$ 2,4 bilhões por meio do Pronaf, dos quais, R$ 916 milhões foram através do Agroamigo. Agora, com o novo limite de crédito, o presidente do banco espera que se chegue à marca de R$ 1,2 bilhão em financiamento da agricultura familiar. No Ceará, foram contratados R$ 121,7 milhões pela linha, por meio de 51.264 operações. "E o Agroamigo Mais visa que, além das linhas especificas do governo, você ter também o trabalho de consultoria de orientação pra esse produtor", acrescenta Lanzarin.
Safras
No Brasil, o governo federal contratou R$ 13,5 bilhões por meio do Pronaf na safra 2011/2012 e, para a safra 2012/2013, possui disponíveis R$ 18 bilhões.
"Mas quem vai dizer o valor é o Brasil, obviamente. Se nós contratarmos esse volume, a posição da presidenta Dilma Rousseff é que a gente libere mais recursos. Não vai faltar dinheiro para credito para agricultura familiar", garantiu ontem o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que esteve ontem na sede no BNB para o lançamento do Agroamigo Mais.
"Essa linha é muito importante, porque ela vai ampliar a renda da agricultura familiar, vai ajudar a melhorar a estrutura produtiva das cidades", completou o ministro.
Em sete anos de existência, o Agroamigo contratou 1,88 bilhão de operações, no valor médio de R$ 1,8 mil, totalizando R$ 3,4 bilhões investidos.
Governo planeja ações para o rebanho
Diante da grave seca que atinge o Nordeste, o ministro Pepe Vargas afirmou que o governo federal estuda novas formas de atuação no semiárido para amenizar os prejuízos da população rural. Ele informou que estão sendo cogitados programas que garantam a sobrevivência dos rebanhos durante os períodos de forte estiagem, como o atual.
"Nós tomamos junto com os governos estaduais e prefeituras várias ações emergenciais de combate à seca que permitiram que não houvesse aumento da mortalidade infantil, que não houvesse fome, que as pessoas não virassem retirantes, como acontecia no passado. Mas houve, sim, prejuízo, não só na plantação, mas também no rebanho. A gente viu o gado morrer, o rebanho morrer. Isso coloca pra nós que nós precisamos pensar uma política mais efetiva para água para o consumo dos animais, e alimentação para o consumo dos animais nos períodos de seca, porque você sabe que seca rigorosa poderá ter, depois dessa, de novo", observou o ministro. De acordo com ele, o governo está começando a discutir como poderá estruturar programas voltados para essas medidas. Isso, destaca o ministro, terá que ser uma ação de caráter interministerial e interfederativo, envolvendo União, estados e municípios. "Nós vamos ter que sentar todos juntos e pensar uma política de estruturação para isso", ressaltou.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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