Jennifer Shedid acabara de chegar da escola e estava com fome. Assim que perguntou à irmã mais velha o que tinham para comer, uma explosão estremeceu todo o seu quarteirão e transformou o vidro do seu apartamento em navalhas voadoras que golpearam a menina de 10 anos da cabeça aos pés. O pai, Richard, subia as escadas do prédio após comprar pão. Ele pegou a filha nos braços e desceu correndo para a rua.
- Quando eu a carregava pelas escadas, ela tremia e dizia: “Por favor, papai, me salve.”
A explosão, que atingiu uma rua residencial em um bairro predominantemente cristão de Beirute, matou o brigadeiro-general Wissam al-Hassan, chefe do serviço de inteligência e um dos mais poderosos oponentes da Síria no Líbano. Uma foto da Associated Press, publicada em jornais de todo o mundo, mostrava a menina sendo carregada com ferimentos profundos na cabeça e no rosto, e seus tênis ensopados de sangue.
Na segunda-feira, ela permanece internada em um hospital com mais de 300 pontos espalhados pelo corpo, 90 deles na face e na cabeça, além de cerca de 50 nas mãos. Seus cabelos foram raspados e seu rosto estava inchado.
- Seu corpo estava todo cravado por vidros - disse Antoine Younan, médico que chefia o time responsável por Jennifer. Ela está em condições estáveis. As veias de sua mão direita, severamente atingida pelo vidro, estão cicatrizando e ela moveu seus dedos pela primeira vez. A menina passou por operações para remover os estilhaços de vidro, reparar suas veias e atar seus cortes.
A irmã de Jennifer, Jozianne, de 17 anos, sentada na recepção do hospital, relembrou a cena de sua casa logo após serem atingidas pela explosão.
- Quando abri os olhos vi que a maior parte do apartamento estava de cabeça para baixo. Eu fiquei em pé e comecei a gritar: “Jenny, Jenny”, mas ninguém respondia. Então eu a encontrei próximo a um sofá, coberta por escombros que caíram do teto - lembrou Jozianne, com um curativo sobre sua sobrancelha esquerda devido a um corte de vidro.
A mãe de Jennifer, Nisrin Shedid, estava trabalhando do outro lado da cidade, no bairro comercial de Hamra, quando recebeu uma mensagem pelo telefone sobre uma explosão em sua vizinhança. Ela pulou em um táxi, mas teve de descer e andar mais de um quilômetro de distância, pois os carros estavam sendo mantidos longe da cena da explosão para abrir caminho para as ambulâncias. Ela caminhou até o seu prédio e encontrou sua filha mais velha, Jozianne. Então recebeu uma ligação do hospital para onde Jennifer havia sido levada.
Horas após a sua chegada, a menina saiu da sala de operações e ela finalmente pôde ver sua filha vestindo uma camisola hospitalar verde.
- Eu olhei para ela. Meu coração se partiu - contou a jornalistas do lado de fora da Unidade de Tratamento Intensivo onde sua filha estava desde a sexta-feira.
Jennifer, a melhor aluna da sua turma do quinto ano, ama desenhar e tirar fotos com os celulares de seus pais e irmã. Ela não é muito fã de Ciências ou Matemática, mas ama ler e praticar esportes. Na segunda-feira, ela abriu os olhos após sua última operação e começou a comunicar pela primeira vez.
- Minha felicidade hoje está além de qualquer explicação - disse sua mãe, Nisrin.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
A explosão, que atingiu uma rua residencial em um bairro predominantemente cristão de Beirute, matou o brigadeiro-general Wissam al-Hassan, chefe do serviço de inteligência e um dos mais poderosos oponentes da Síria no Líbano. Uma foto da Associated Press, publicada em jornais de todo o mundo, mostrava a menina sendo carregada com ferimentos profundos na cabeça e no rosto, e seus tênis ensopados de sangue.
Na segunda-feira, ela permanece internada em um hospital com mais de 300 pontos espalhados pelo corpo, 90 deles na face e na cabeça, além de cerca de 50 nas mãos. Seus cabelos foram raspados e seu rosto estava inchado.
- Seu corpo estava todo cravado por vidros - disse Antoine Younan, médico que chefia o time responsável por Jennifer. Ela está em condições estáveis. As veias de sua mão direita, severamente atingida pelo vidro, estão cicatrizando e ela moveu seus dedos pela primeira vez. A menina passou por operações para remover os estilhaços de vidro, reparar suas veias e atar seus cortes.
A irmã de Jennifer, Jozianne, de 17 anos, sentada na recepção do hospital, relembrou a cena de sua casa logo após serem atingidas pela explosão.
- Quando abri os olhos vi que a maior parte do apartamento estava de cabeça para baixo. Eu fiquei em pé e comecei a gritar: “Jenny, Jenny”, mas ninguém respondia. Então eu a encontrei próximo a um sofá, coberta por escombros que caíram do teto - lembrou Jozianne, com um curativo sobre sua sobrancelha esquerda devido a um corte de vidro.
A mãe de Jennifer, Nisrin Shedid, estava trabalhando do outro lado da cidade, no bairro comercial de Hamra, quando recebeu uma mensagem pelo telefone sobre uma explosão em sua vizinhança. Ela pulou em um táxi, mas teve de descer e andar mais de um quilômetro de distância, pois os carros estavam sendo mantidos longe da cena da explosão para abrir caminho para as ambulâncias. Ela caminhou até o seu prédio e encontrou sua filha mais velha, Jozianne. Então recebeu uma ligação do hospital para onde Jennifer havia sido levada.
Horas após a sua chegada, a menina saiu da sala de operações e ela finalmente pôde ver sua filha vestindo uma camisola hospitalar verde.
- Eu olhei para ela. Meu coração se partiu - contou a jornalistas do lado de fora da Unidade de Tratamento Intensivo onde sua filha estava desde a sexta-feira.
Jennifer, a melhor aluna da sua turma do quinto ano, ama desenhar e tirar fotos com os celulares de seus pais e irmã. Ela não é muito fã de Ciências ou Matemática, mas ama ler e praticar esportes. Na segunda-feira, ela abriu os olhos após sua última operação e começou a comunicar pela primeira vez.
- Minha felicidade hoje está além de qualquer explicação - disse sua mãe, Nisrin.
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