
vinda do maior evento do futebol mundial para o Brasil, em 2014, deixará muitos legados aos cidadãos e torcedores nacionais. O esporte nacional irá herdar do evento arenas construídas ou readaptadas para a ocasião, que trazem como principal atrativo a promessa de mais conforto e segurança para seus frequentadores. Trata-se do novo conceito europeu moderno de estádio, adotado em todas as cidades por onde passa o Mundial.
Nesses novos cenários, as praças esportivas assumem o formato de arenas multiuso, preparadas para receber espetáculos e shows, com restaurantes, lojas e gigantescos camarotes Vips. Os antigos alambrados e a geral darão espaço a arquibancadas bem mais próximas do campo, sem quase ou nenhuma separação. Tal modernidade trará consigo, além do conforto, o encarecimento dos ingressos, que serão inacessíveis para a maior parte daqueles fieis torcedores, já acostumados a assistir às partidas do seu clube do coração agarrados nos alambrados ou amontoados na extinta geral.
"Aqui no Brasil, nós temos a cultura do alambrado, da separação das torcidas, como se fosse mais ou menos uma jaula. Já o padrão de estádios adotado pela Fifa propõe uma coisa mais ´light´, mais interativa, que será voltada para um outro perfil de torcedor", explica o professor, sociólogo e especialista em estudos sobre torcidas, Carlos Alberto Máximo Pimenta.
Nova cultura
Diante de algumas manifestações violentas que, infelizmente, ainda são registradas nas proximidades e dentro dos estádios, é inevitável o questionamento a respeito da continuidade dos novos formatos das arenas após a Copa. De acordo com o titular da Secretaria Especial da Copa, Ferruccio Feitosa, a Arena Castelão, por exemplo, permanecerá sem divisas entre torcida e campo.
"O novo Castelão contará com várias câmeras de segurança, que poderão identificar os infratores e, paralelo a isto, ainda teremos a ação da polícia. Mas, isso não será suficiente, a gente deve mudar esta cultura de medo e violência dentro dos estádios. O Estatuto do Torcedor já está vigorando e deve ser aplicado", disse Ferruccio acrescentando que é necessário a presença de um juizado especial dentro das praças esportivas para que possa resolver de imediato os crimes realizados nos estádios.
O novo Castelão terá a distância entre as arquibancadas e o campo diminuída em 30 metros. A única divisória remanescente será um pequeno fosso que, segundo Ferruccio, servirá mais para ajudar na drenagem da praça esportiva ou em casos de emergência (onde os torcedores terão acesso ao gramado).
"O modo como a torcida brasileira se comporta dentro de campo foi o grande responsável para que, com o tempo, as autoridades fosse dando um jeitinho brasileiro para evitar que o público pulasse para o gramado e atrapalhasse os jogos. Agora, é uma boa indagação o fato de como será o modo que os torcedores irão assistir aos jogos após a Copa, nestas arenas. Levando em consideração que as torcidas organizadas acompanham as partidas em pé, se movimentando e fazendo coreografias, talvez, estes estádios estejam apontando para um novo perfil de torcedor, que seria mais comedido, que teria, por exemplo, a emoção de uma plateia de teatro", completou o professor Carlos Alberto
.Preparo
Na verdade, ainda é cedo para prever como será a relação do público com as novas estruturas das arenas. No entanto, especialistas advertem que é fundamental pensar o nosso futebol tanto no que diz respeito ao conforto quanto à segurança.
Fatos como os ocorridos na última semana, no Egito, onde 74 pessoas acabaram morrendo após uma invasão de campo por parte de torcedores em partida de futebol entre Al Ahly, maior clube do país africano, e Al Masry nos leva a refletir sobre o verdadeiro preparo dos torcedores para receber este novo formato de estádios. É também o que procura propagar o professor Máximo Pimenta.
"O futebol hoje ganhou uma proporção de negócio, onde a meta é ter estádios mais enxutos, com menos torcida e mais conforto, onde as pessoas poderiam levar as famílias para assistir o espetáculo. Sociologicamente analisando, o futebol está se adequando a lógica do consumo. Eu não estou dizendo que as torcidas organizadas deveriam acabar, mas que elas vão ter que se readequar para fazer parte do espetáculo", finalizou
.Readequação"
O novo Castelão contará com várias câmeras de segurança, que poderão identificar os infratores e, paralelo a isso, ainda teremos a ação da polícia"
"Mas isso não será suficiente. A gente deve mudar essa cultura de medo e violência dentro dos estádios. O Estatuto do Torcedor já está vigorando e deve ser aplicado"
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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