Deveria ter sido um ato pacífico e ordeiro contra atos de corrupção e a favor de melhorias sociais, mas a desordem partiu justamente de quem deveria zelar pela segurança. De acordo com manifestantes que se reuniram ontem à tarde para recepcionar os vereadores da Câmara Municipal do Natal, após recesso dos trabalhos legislativos, policiais militares teriam agido com truculência e até dado voz de prisão a alguns membros de uma manifestação organizada pelas redes e mídias sociais, que reuniu cerca de 300 pessoas em frente à sede do poder legislativo municipal. "Eu estava pintando um cartaz no chão quando fui violentamente abordado por um policial, que me empurrou contra o chão e jogou spray de pimenta em meu rosto", afirma o estudante da UFRN Armênio Brito. "Foi quando outros manifestantes partiram para cima do policial e a confusão ficou generalizada. De início, era apenas uma única viatura; depois surgiram outras 14", frisou.
Soraya Godeiro, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Natal (Sinsenat), uma das muitas entidades de classes presentes no ato, repudiou a ação da PM. "Enquanto a sociedade está amedrontada, com fugitivos à solta e motoristas de ônibus sendo assaltados, vemos um enorme contingente de policiais reprimindo um ato pacífico, formado por movimentos dos mais diversos que querem apenas cobrar seus direitos. Fico indignada e essa atitude só mostra que o papel da PM é de repressão e não proteção", ressaltou. Segundo Soraya, diversas são as reinvidicações da sociedade em cobrança aos parlamentares. "Nós, por exemplo, cobramos da prefeita a database dos servidores municipais, que visa evitar o congelamento do salário base. "A nossa database é em março, é Lei e, portanto, tem que ser cumprida", frisou. De acordo com um dos membros, um funcionário do Sinsenat fez exame de corpo de delito ainda ontem, após sofrer agressão com cacetete.
Providências
Procurado pela reportagem do Diário de Natal, o comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, Coronel PM Francisco Canindé de Araújo Silva, afirmou não ter tomado conhecimento de uma possível ação truculenta. "Se alguém se sente prejudicado, aconselho que procure o Quartel da PM ou a Corregedoria da Polícia, formalizando a queixa", sugeriu. Questionado acerca da não identificação dos militares, mencionada por alguns manifestantes, o comandante disse que todos os PMs são identificados em suas fardas e em seus carros funcionais. "Isso será apurado e se for comprovado que houve algum excesso, os policiais envolvidos serão responsabilizados", concluiu.
Cortejo
Após o tumulto, os manifestantes tiveram o apoio do grupo Pau e Lata e seguiram em cortejo por diversas ruas de Petrópolis e Cidade Alta. Ao passar pela Prefeitura de Natal, manifestantes jogaram tomates em direção ao prédio. "O passo seguinte foi se juntar aos movimentos que já estavam concentrados em frente à Assembleia Legislativa, que também voltou às atividades, e depois ao Beco da Lama, em protesto contra o fim de eventos festivos no local", explicou o ativista Tiago Aguiar. "Por que lá não pode e durante o Carnatal tudo é permitido? É uma questão a ser levada em consideração pelas autoridades".
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