domingo, 29 de janeiro de 2012
60,8% das denúncias registradas na Semam são de poluição sonora
"O progresso é a insidiosa substituição da harmonia pela cacofonia". A frase do pensador Mário Quintana traduz com precisão a realidade que vive os grandes centros urbanos, os quais crescem de forma desordenada e enfrentam sérios problemas relacionados à poluição sonora.
Para se ter uma ideia, 60,8% das denúncias registradas, em 2011, na Secretaria de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) são de poluição sonora. O órgão recebeu ao todo, 2.236 denúncias, no ano passado, sendo 1.361 referentes à infração, já as autuações somam 747.
História
Enquanto no início do século XX, a percepção de barulho estava relacionada ao bonde com som de metais rangendo, aos rojões das festas populares e ao sino das igrejas que anunciavam a chegada de eventos religiosos, hoje, com a multiplicação das fontes de ampliação sonora, a soma de ruídos impacta diretamente no organismo e na sociabilidade das pessoas. Muitos jovens e adolescentes fazem uso abusivo de equipamentos eletrônicos, quase sempre associados a fones de ouvido que podem acarretar, a longo prazo, em perda auditiva precoce.
O historiador e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Antônio Luiz Macêdo e Silva Filho, destaca que mesmo no período de 1930 a 1950, já havia uma percepção muito forte de que Fortaleza era uma cidade barulhenta. Não no sentido de uma escala rígida que pudesse ter a sua equivalência em decibéis, mas relacionado aquilo que promove desagrado.
Uma das queixas mais reincidentes, por exemplo, tem a ver com o desconforto causado pelo uso desenfreado de certos amantes da música, como ouvir o rádio no volume máximo, fazendo prevalecer o deleite individual sobre o bem estar público.
Apesar de não ter sido confessado, existia um forte vínculo entre ouvir som em alto volume e fazer disso uma forma de mostrar ao outro que se tinha o aparelho. Gerando prestígio para si e não pura e simplesmente ostentando, mas incomodando os vizinhos. Prática que se prolonga até hoje, potencializada por equipamentos que permitem sons potentes, a exemplo os tão famosos paredões de som.
Contudo, quando a ideia de respeito ao sossego público se dilui e a lei não se faz cumprir, muitas vezes, é a iniciativa própria que acaba tentando resolver um conflito dessa ordem, o que pode ter um desdobramento muito ruim. Do ponto de vista da lei, alguns dispositivos proibiam que se dessem tiros a partir de determinada hora, que gritassem a partir das 22h ou buzinasse abusivamente. Mas, já naquela época, ainda conforme Silva Filho, era muito difícil refrear esses impulsos abusivos no uso de sons.
Transtornos
Hoje, que Fortaleza se tornou uma grande metrópole, esse controle se torna ainda mais difícil.
O tráfego intenso de veículos torna o trânsito muito barulhento, as fábricas e aeroportos instalados em áreas residenciais perturbam o sossego da vizinhança, sem falar nas pessoas que têm a infelicidade de morar na proximidade de bares, restaurantes, buffetts e casas de shows.
Tem ainda o incômodo em espaços públicos. Transtorno que o estudante universitário Pedro José Arruda Brandão passa frequentemente. Morador do bairro Messejana, todos os dias ele vai para a faculdade e, no trajeto do ônibus, passa por questões absurdas, a exemplo de pessoas que levam caixas de som, quase um "microsystem".
Pedro José relata que certa vez, numa única viagem embarcaram passageiros ouvindo três estilos musicais diferentes: forró, música evangélica e funk.
"É um desrespeito, ninguém é obrigado a estar em um ônibus ouvindo a música dos outros. Se querem ouvir alguma coisa deveriam pelo menos comprar um fone de ouvido, assim não perturbariam quem quer ler, estudar ou descansar".
Crime
Astrid Câmara Bezerra, coordenadora da equipe de Controle da Poluição Sonora da Semam, diz que o mais grave é o fato das pessoas não entenderem que a poluição sonora é um crime que é prejudicial à saúde. Para maior eficácia na fiscalização, a gestora defende que haja uma integração em todas as esferas: municipal, estadual e federal.
A Lei Municipal 9756/11, sancionada no dia 4 de março de 2011, proíbe o uso de paredões de som em logradouros e em espaços particulares, mas, de livre acesso ao público, como postos de combustíveis e estacionamentos. A campeã de reclamações são as igrejas evangélicas, seguida de bares, restaurantes, casas de festas e academias de ginástica.
Em estabelecimentos comerciais, o máximo permitido são 70 decibéis, no horário de 6h às 22h. No caso de máquinas estacionárias, são 55 decibéis.
Moradores reclamam do barulho das aeronaves
O barulho é ensurdecedor, mas para quem mora nas proximidades do Aeroporto Internacional Pinto Martins, conviver com aeronaves embarcando e desembarcando todos os dias, em todos os horários, se tornou fato costumeiro. Outros moradores, entretanto, não se cansam de reclamar da noite mal dormida.
A segurança Auriane Sousa da Silva, de 38 anos, nascida e criada no bairro Montese, fala com descrença em uma solução para a questão do barulho no bairro. No período de alta estação, a moradora relata que a situação piora bastante, pois o número de voos aumenta consideravelmente.
Apesar de ter se acostumado com o barulho, a segurança garante que ainda sofre com a situação. "Tem um avião que passa às 3h da madrugada que chega a alarmar o carro. A gente se sente prejudicado, mas não pode fazer nada. Quem escolhe morar aqui já vem sabendo, por causa da proximidade do aeroporto".
Problemas
Após uma vida inteira morando no bairro, Auriane conta que passou a ter problemas na audição e que não consegue dormir tranquilamente por causa da barulheira. Um vizinho teve que se mudar, porque o seu bebê vivia assustado. Situação semelhante vive o eletricista Edilberto Oliveira Costa, de 42 anos. Morador da Rua Peru, que fica em frente a Avenida do Aeroporto, ele vive rodeado por barulhos vindo dos trens de uma linha férrea, do tráfego intenso de veículos que circulam pela via e dos voos rasantes das aeronaves.
Impressiona a proximidade que os aviões passam de sua casa, causando um barulho ensurdecedor. "No começo foi ruim, cada avião que passava era um susto, mas me acostumei". Mas, quando certo avião cargueiro passa de madrugada, não tem jeito, ele conta que sempre acorda assustado. "Não tenho opção, é trem, carro, avião", comenta.
A fonoaudióloga Camile Simplício alerta que a soma de ruídos afeta diretamente a audição. Além disso, os hábitos das pessoas mudaram, principalmente, entre jovens, que usam de forma demasiada os fones de ouvido.
Consequências
Camile diz que os jovens costumam aumentar o volume para atingir um estado de conforto, o que a longo prazo poderá repercutir em problemas auditivos. É o que chama de perda auditiva induzida por ruído. A especialista acrescenta que o barulho afeta não apenas as pessoas que trabalham em fábricas, já que hoje, tudo é muito barulhento.
A começar pelo trânsito, que possui uma faixa de audibilidade humana acima da permitida: 70 decibéis. "Esses ruídos externos afetam muito a saúde auditiva das pessoas e elas não se dão conta disso". Camile frisa que, especialmente, aqueles que possuem histórico familiar de problemas auditivos devem evitar exposições prolongadas a fones de ouvido.
Entrevista
Ruídos estão mais intensos por causa do desenvolvimento
Sérgio Tadeu Pereira
Otorrinolaringologista
Quais os tipos de poluição sonora que as pessoas estão expostas nos grandes centros?
Hoje, a poluição sonora está muito mais intensa por causa do desenvolvimento. A exposição ao ruído pode ocorrer tanto socialmente quanto a nível de trabalho. No último caso, temos como monitorar para que o ruído seja menos danoso à saúde, através de decibelímetros. A nível social, tudo é muito barulhento, especialmente nas grandes cidades, como Fortaleza. Algumas pessoas não possuem limite de até onde podem ter sua liberdade de utilizar o som, principalmente, nos carros.
Quais as consequências dessa situação para a saúde da população?
Traz prejuízos para a parte auditiva e ao organismo como um todo, que vai ficar estressado. A pessoa pode ainda ficar pré-disposta a ter insônia, palpitações, ansiedade, dificuldade de concentração, de atenção e ter zumbido no ouvido. Em termos de poluição sonora, estas são os principais sintomas que o organismo pode alertar que está sendo afetado pelo ruído.
Qual a repercussão que um ruído intenso pode causar aos cidadãos?
Uma pessoa que fica o tempo todo trabalhando num ambiente que tem muito barulho, durante a noite vai ficar agitada, irritada, com dificuldade de dormir, talvez até com palpitações. Isso porque todo aquele ruído que ela foi exposta devido a poluição sonora vai repercutir até quando chegar no silêncio. A pessoa vai ter toda aquela sensação de exposição ao ruído.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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Predecessor: nenhum
Sucessor: D. Pedro II
Ordem: 28.º Rei de Portugal
Início do Reinado: 10 de Março de 1826
Término do Reinado: 2 de Maio de 1826
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Sucessor: D. Miguel I
Pai: D. João VI
Mãe: D. Carlota Joaquina
Data de Nascimento: 12 de Outubro de 1798
Local de Nascimento: Palácio de Queluz, Portugal
Data de Falecimento: 24 de Setembro de 1834
Local de Falecimento: Palácio de Queluz, Portugal
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Príncipe D. Pedro de Alcântara (filho)
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