 
 A história está acontecendo em Cachoeira – BA (município localizado  no recôncavo baiano). A disputa se dá pelo destino da zona de prostituição da  cidade, conhecida como “os bregas”. O delegado Laurindo Neto deseja fechar  os prostíbulos nos próximos meses, segundo ele não por  seus princípios morais, mas sim por motivos de segurança. Em contrapartida o  pastor Jailton Santos, do Evangelho Quadrangular, que ha três meses fundou a  igreja no lado do ‘brega de Cabeluda’ – um dos mais antigos – se impõe para que  os prostíbulos continuem funcionando ali.
  O delegado Laurindo afirma que as casas acabam servindo como ponto de  encontro para os traficantes. “Vou entrar com representação na Justiça para  fechar esses bregas, pois eles servem de  abrigo para traficantes. No entorno  dessas casas de brega circula todo tipo de delinquente”, diz. Inclusive, segundo  ele, um dos clientes assíduos e Edmilson Bispo dos Santos Júnior, que e fundador  do Primeiro Comando Interior (PCI), facção inspirada no grupo criminoso paulista  Primeiro Comando da Capital (PCC). “Júnior e seus comparsas usam essas casas de  brega com regularidade. Manter esses bregas abertos é facilitar a ação do crime  na nossa cidade. Quem quiser fazer sacanagem vai ter que ir para outra cidade”,  conclui o delegado.
Já o pastor Jailton acredita que com o fechamento dos bregas, a força e o  “poder do evangelho” enfraquecerão: “Temos a intenção de estar onde as pessoas  que precisam de ajuda estão. Por isso, resolvemos abrir a igreja na rua onde  estão os bregas da cidade”.
“O ensinamento divino é que se pregue a palavra de Deus onde o pecado está e  por esse motivo preferimos que os bregas continuem abertos para que essas  mulheres tenham a chance de encontrar o conforto na palavra de Deus”, defende o  pastor, que trabalha como operário da construção civil em Cachoeira.
Não só o Jailton vai contra a decisão do delegado, mas também prostitutas que  lá trabalham temem seu destino, além dos moradores que dão depoimento a favor da  permanecia das casas.  Em entrevista com o ‘Correio da Bahia’ moradores antigos  da região falaram sobre o que significa para eles a rua do Brega.
“Metade dos homens de Cachoeira conheceu o prazer nessa rua. Se os  paralelepípedos e as paredes dessas casas falassem o nome de cada pessoa que já  transou aqui… Ah, o mundo ia ficar surdo” brinca o comerciante J.S., 64 anos –   frequentador assíduo da casa, que teve sua primeira relação na Rua do  Brega.
“Vim aqui por causa da fama, mas nos últimos anos caiu muito. Mesmo assim  ainda vale a pena trabalhar aqui. Tirando essa onda de violência, o lugar é  muito tranquilo. A gente respira um ar que é único nesse mundo. O clima de sexo  aqui tem outro sabor”, relata uma das prostitutas, que é natural do Ceará e  trabalha na Rua do Brega desde a década de 90.
Temerosa sem ter perspectiva para o futuro caso fechem seu negócio, Vera  Lúcia (44 anos) que chegou na rua ainda menina, brinca: “Sou puta e com muito  orgulho. Tem 29 anos que vendo meu corpo nessa rua. Se fechar o brega eu vou pra  onde? Para a casa do delegado?”.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus 
 
 

 
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