PCrônica
Paulo Cesar Brito-Poeta/Escritor AreiaBranquense
Sempre tenho dito que Areia Branca é uma Hollywood Brasileira, por ser palco de grandes fatos pitorescos. Carentes de fatos novos que possam alimentar as mentes férteis, os Areia-branquenses estão se apegando a tudo que resulte em engrenagem para funcionar a indústria do boato.
Lembro-me bem, em um dia de sábado 09 de setembro de 1995, por voltas das 14:30 horas da tarde, quase que um boato transforma a pacata cidade salineira na Meca dos curiosos. Eu realizava alguns trabalhos na função de motorista para a paróquia de Areia Branca, na vizinha cidade de Serra do Mel. Quando por volta das 14:00 horas cheguei na casa paroquial para almoçar, foi nesse no momento em que estávamos postos a mesa, que os padres salesianos, Luiz de Liberally, João Carlos Perini, Guido Cappelletto, Demontiêr Távora e o Irmão Corrado Camparmó receberam a noticia que a igreja matriz estava super lotada por Areia-branquenses, o assunto era que a tranqüila tarde daquele dia foi quebrada, pelos rumores de que duas crianças que estariam no interior da matriz de Nossa Senhora da Conceição, teria deparado ante á imagem de Nossa Senhora, padroeira do município, fixa numa das paredes do templo religioso, e percebido que a santa chorava copiosamente.
O boato tomou proporções assustadoras. Causou um verdadeiro pandemônio no centro da cidade, provocando correria nos fiéis e curiosos á igreja que em poucos segundos, após a propagação do “santo milagre” ficou completamente lotada pela multidão.
Fotógrafos e cinegrafista amadores ficaram a postos a multidão se acotovelando, mas se arriscavam ”estou vendo escorrer lagrimas do rosto da santa” as palavras surgiam como divagações. Sopros perdidos entre os muitos curiosos, que na verdade, estavam ali atraídos mais pelo frenesi causado pelo boato, do que propriamente pela curiosidade em torno do “milagre” anunciado.
O melhor da historia é que, o pároco local na época o padre Luiz de Liberally, incumbiu uma pessoa para ir até a igreja matriz e dispensar toda a multidão, que lá se encontrava. Imagine gente quem foi à pessoa indicada para tal missão? Pensou? Claro que fui eu. Sai com destino à igreja dirigindo a Toyota. Chegando lá a confusão estava formada, gente chorando, gente rezando, gente sorrindo, gente correndo de um lado para o outro. Era uma zorra total. No interior da igreja fazia um calor imenso. Fui pedindo para os fiéis e curiosos se retirar do interior da igreja, pois queria fechar as portas da mesma. Nessa hora minha gente, fui insultado de tantos nomes feios como, “discomungado de pai e mãe”, “negro sem fé”, “mal educado” e por ai vai. Se eu fosse comentar sobre os palavrões chulas que eu ouvi. Deixa pra lá, ninguém merece. O bom de tudo isso é que consegui dispensar o povão da igreja matriz e pude fechar suas portas e descansar dos afazeres que fiz naquele dia.
Em meio a todo alvoroço, não houve uma testemunha se quer. Que afirmasse ter visto a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes chorando. Quando se perguntava sobre o fato acontecido, alguém sempre passava para o próximo a responsabilidade do ocorrido, e conseqüentemente, tocava o assunto para frente.
Soube dias depois que, uma das crianças que começou a espalhar o boato do choro da imagem da santa, estava o inquieto e polivalente Rosivan Junior, ou melhor, Juninho de Cleodon como é mais popularmente conhecido. Pense numa arrumação que esse pestinha conseguiu arrumar para a sociedade Areia-branquense em especial a comunidade católica.
Como sempre tenho dito e escrito, que a nossa Areia Branca é uma Hollywood Brasileira, há isso é, e eu não tenho duvidas.
Postado Por:Paulo Cesar Brito
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