Um tenente-coronel da República Democrática do Congo foi condenado nesta segunda-feira (21) a 20 anos de prisão por ordenar o estupro em massa de civis no leste do país, no dia 1º de janeiro.
Você acha que 20 anos é uma pena justa para o coronel?
O Tribunal Militar considerou Kibibi Mutware culpado de crimes contra a humanidade por enviar seus soldados para estuprar e espancar os moradores e saquear a população da vila de Fizi, na Província de Kivu do Sul.
O julgamento, na cidade de Baraka, não muito longe de Fizi, contou com o testemunho de 49 mulheres.
O correspondente da BBC Thomas Hubert afirmou que essa foi a primeira condenação no país de um oficial de comando por estupro. E acrescentou que é incomum um número tão grande de vítimas testemunhar no Congo contra estupradores.
Agências de ajuda humanitária apontam os soldados do governo como o maior grupo de responsáveis pela violência sexual na região onde ocorreram os estupros, de acordo com Hubert.
Além dos 20 anos a Mutware, os juízes da corte de Baraka também sentenciaram oito militares a penas que variam entre dez e 20 anos.
Há vários relatos de estupro nesta região do país, mas acredita-se que esse tenha sido o maior caso de estupro em massa envolvendo o Exército congolês.
Testemunhos
Acredita-se que mais de 60 mulheres foram estupradas em Fizi no dia 1º de janeiro. Antes de o veredicto ser divulgado, muitas dessas mulheres se reuniram no centro para vítimas de estupros da cidade.
Uma mulher de 29 anos, mãe de cinco filhos, disse à BBC que estava fugindo da violência no país quando encontrou quatro soldados.
- Eles começaram a rasgar a calça que eu estava usando. Eles tiraram meu filho dos meus braços e o deixaram no chão. Então eles tiveram relações sexuais comigo.
O repórter da BBC afirma que, desde janeiro, já ocorreram outros relatos de violência sexual numa área a cerca de 40 km de Fizi.
A organização de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras afirmou que planeja enviar uma clínica móvel para a região depois de receber informações de que outros 30 estupros ocorreram na semana passada.
A organização informou que já tratou mais de 70 vítimas em dois incidentes parecidos na área, entre 19 de janeiro e 4 de fevereiro.
Vingança
Um grupo de soldados então se vingou da população da vila de Fizi.
Kibibi Mutware é um ex-membro do grupo rebelde CNDP, que já foi acusado de diversas violações de direitos humanos. Passou a integrar o Exército após um acordo de paz, em 2009.
Fizi - onde grupos étnicos distintos vivem em tensão - foi, em abril de 2010, palco de outro confronto entre soldados e moradores.
No país inteiro, em 16 anos de conflito, se tornaram notórios os inúmeros casos de violência sexual contra mulheres e meninas. Mais de 300 pessoas - incluindo homens - foram estupradas por grupos rebeldes na região de Kivu do Norte, a poucos quilômetros de uma base da ONU, em agosto passado.
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Postado Por:Daniel Filho de Jesus
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