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Paulo Cesar Brito-poeta/escritor areiabranquense
Olho as arvores antigas com ternura de criança, se o fosse mais que este adulto desiludido. Qualquer arvore: não importa se produz fruto ou não. Devo ter herdado isso da minha mãe Dona Lourdes, esse amor pelas arvores. Menino tinha inveja de quem morava numa casa com arvores na frente. Ou em meio a arvore. Em Areia Branca havia outrora tamarineiras. Fui informado pelos mais antigos moradores dessa província, que antigamente existia uma grande tamarineira onde é hoje ali a agencia da capitania dos portos. Ali era ponto de encontro dos marinheiros, embarcadiços, calafateiros e visitantes para uma boa conversa. Com um tempo tivera que corta ela. Ninguém sabe até hoje o porquê da crueldade.Foi baseado neste fato que hoje, quero falar, ou melhor, lembrar da tamarineira do arraial. Sempre que vou aquela comunidade rural a serviço, ou até mesmo a passeio para a praia de baixa grande, procuro entre aquelas arvores aquela velha tamarineira que ficava na rua principal como era chamado antigamente pelos moradores daquela comunidade. Essa tamarineira ficava ali nas proximidades da Igrejinha de São Francisco. Mais o momento que eu mais admirava aquela velha arvore frutífera, era quando participávamos dos festejos alusivos a São Francisco de Assis “que chamávamos de São Francisco das “porteiras”. Saiamos em caminhada as 03:30 horas da madrugada com destino ao arraial, cantos, orações era tudo muito bonito. As crianças que, cujo os pais faziam promessa pelo milagre recebido. Íamos todos vestidos com uma roupinha marrom com um cordão branco amarrado na cintura e descalços muita das vezes. Naquele tempo existia a mais pura fé.
Ao chegar às porteiras, de longe eu já avistava a grande tamarineira. Na minha tão pura inocência parecia que de longe eu imaginava aquela arvore de braços abertos acolhendo e agradecendo a presença dos peregrinos e fiéis que viera para a celebração da missa em honra a São Francisco.
Já adulto fico a imaginar, quantos moradores daquele lugarejo e viajantes, tiveram que descansar sobre a sombra daquela tamarineira. Quantas lamentações aquela pobre arvore teve que ouvir. Mesmo sem saber dar qualquer orientação e conselho. Uma coisa tenho certeza, que pelos menos os frutos ela dava com alegria a cada um, para que pudesse assim desfrutar o saboroso suco do néctar dos deuses.
Visito sempre aquele paraíso chamado arraial, por ter familiares por lá. Mais aquela comunidade perdeu muito da sua essência com a falta daquela tamarineira. Não sei de quem foi à idéia, ou ato maquiavélico de mandar cortar aquela belíssima arvore. De uma coisa é certa jamais ninguém poderá cortar as lembranças que temos daquela arvore frutífera. Hoje aquela velha tamarineira do arraial deveria ser a arvore mais antiga da cidade. Senti, não só por isso. Se não fosse antes pela testemunha sobrevivente da historia.
Postado Por:Paulo Cesar Brito
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