PAULO CESAR.Com
PAULO CESAR BRITO-POETA/ESCRITOR AREIABRANQUENSE
Vezes por outra faço uma rápida visita a vizinha cidade de Grosso, pois acho muito legal a travessia feita de balsas. É nesse momento que volto ao passado e fico a imaginar um encontro com a famosa “Tintureira”, personagem antiga que sempre aterrorizou a cabeça das crianças e adolescentes do meu tempo, que gostava de tomar banho no trapiche. A Tintureira é uma espécie de tubarão cabeça chata, agora sendo fêmea.
Com meus olhos sempre atentos fico a procurá-la em meio aos manguezais existentes nas margens do velho Rio Ivipanim. Os manguezais se estendem desde o nosso cais até paras as bandas da Salina Morro Branco. Soube por alguns pescadores antigos, que ela a tintureira transitava entre o cais da antiga empresa Hernave, passando pelo antigo mercado do peixe, cais da Codern, matadouro publico e o velho trapiche de Grossos. Mesmo com a idade que tenho hoje, nunca vir se quer um cação, espécie de tubarão pequeno, boiando na área, imagine a tintureira.
Quando menino minha mãe dona Maria Delourdes, contava para mim e meus irmãos ouvirem, casos sobre a tal tintureira. Quando na época de minha mãe ainda jovem, morava em nossa cidade um adolescente conhecido pela alcunha de nome “Meu Leão”. E esse rapaz vendia guloseimas como, cocada, bolo, grude,, bom-bocado e outros. E quando o mesmo terminava a sua missão de vender todo produto, gostava de todas as tardes tomar banho no Rio Ivipanim. Era um exímio nadador entre os garotos da sua idade. O local era ali no antigo mercado do peixe. Depois de vários mergulhos, meu leão falou para os meninos que naquela tarde seria seu ultimo mergulho. E foi o que fez. Ele mergulhou e não voltou mais a superfície. A garotada ora ali presente chamava aos gritos pelo seu nome e nada.
Segundo minha mãe, até os dias de hoje, o frágil corpo do pequeno meu leão, nunca foi encontrado. Os mais experientes pescadores da nossa cidade atribuem o sumiço do aventureiro menino, a tintureira. Pois a mesma deveria tê-lo engolido por inteiro, ou o teria levado como preza arrastando-o para as profundezas do infinito alto mar. Daí o meu medo desde criança de tomar banho ali no cais Tertuliano Fernandes. Não sei se existe ainda por lá a lendária tintureira, somente sei que jamais, quero encontrá-la em minha frente. Longe de mim essa fera dos altos mares.
Postado Por:Paulo Cesar Brito
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