O presidente em exercício, Michel Temer, decidiu nesta segunda manter no cargo os ministros do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e da Advocacia Geral da União, Fábio Medina Osório, e a secretária das Mulheres, Fátima Pelaes. Temer avaliou que, por enquanto, não há motivos suficientes para afastá-los do cargo.
Segundo assessores do Palácio do Planalto, o presidente em exercício dará “um voto deconfiança” a Henrique Alves, até que surjam novos elementos contra o ministro, que chegou a ocupar a mesma pasta no governo Dilma na cota pessoal de Temer.
Pela manhã, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, reconheceu que “constrangem” o governo interino as informações de que Henrique Alves teria atuado para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS. A situação de Fátima Pelaes é semelhante à de Henrique Alves. Segundo interlocutores de Temer, ela permanecerá no cargo até o surgimento de fatos novos. Ela é alvo de investigação na Justiça Federal por supostamente haver participado de um esquema de desvio de R$ 4 milhões em verbas no Ministério do Turismo, objeto da Operação Voucher, da Polícia Federal, iniciada em 2011.
Já o advogado-geral Fábio Osório foi alvo de inúmeras críticas de auxiliares diretos do presidente em relação à sua atuação. Ontem, Temer conversou com Osório e decidiu mantê-lo no cargo. Com a manutenção dos ministros, o governo também quer quebrar o ciclo de demissões no primeiro escalão, fato que vem ocorrendo nas duas últimas semanas, quando deixaram o cargo o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o da Transparência, Fabiano Silveira.
Em pronunciamento, Temer anunciou ontem que determinou a paralisação de nomeações para diretorias ou presidência de estatais ou fundos de pensão. A medida vale até a aprovação doprojeto de lei complementar 268/2016, que prevê indicação apenas de pessoas “com alta qualificação técnica” para estes cargos.
A intenção, segundo o governo, é acabar com a ingerência política nas fundações. O projeto já foi aprovado pelo Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados.O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), parabenizou Temer pela medida.
Ministros são investigados
Dos 24 ministros do governo interino de Michel Temer, 15 são alvo de investigações criminais. Ou seja, mais de 60% dos integrantes do primeiro escalão têm pendências com a polícia e/ou Justiça.
Entre os 15 investigados, três foram mencionados na Operação Lava Jato, sete são alvo de outras investigações e outros cinco fazem parte dos dois grupos, tendo sido citados no esquema da Petrobras e em outras operações.
Em 26 dias de governo interino, Michel Temer já trocou dois ministros: o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que ficou apenas 11 dias na pasta do Planejamento, e é investigado pela Lava Jato. Outro que caiu foi Fabiano Silveira, da Transparência.
Postado Por:Daniel Filho de Jesus