
Ao resolver investigar a falta de medicamentos na rede de Farmácia Popular do estado, constatei os problemas que os idosos e a população em geral enfrentam quando precisam dos remédios. Logo ao chegar na unidade do Méier, me deparei com a servidora municipal Ângela Macedo, 64 anos, tentando comprar remédio para o colesterol. Ela me disse: ‘Tentei a Sinvastatina, mas não tinha. Fiquei na mão’.
Dentro da unidade do Méier tem ar condicionado, cadeiras e água gelada. Um ótimo atendimento. Contudo, falta o mais importante: 24 remédios dos 52 oferecidos a R$ 1 na cesta da Secretaria Estadual de Saúde. Eu pesquisei, e o bairro é o que concentra, segundo o IBGE, uma das maiores populações de idosos no Rio. São cerca de 30% de velhinhos.Também estive na farmácia de Niterói, onde a situação é crítica. Quem precisa de remédios não encontra 12 de 55 que deveriam ser oferecidos a preço bem mais em conta. Isso significa que, na ponta do lápis, a compra na rede privada pode sair 5.700% mais cara, pesando muito no bolso de quem não pode pagar.
Também pesquisei que Niterói é município com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado e tem cerca de 100 mil idosos. Mas há quem fique sem remédio. A bancária Tânia Moraes, 48 de anos, estava revoltada. E reclamou muito comigo, com toda razão: ‘É um absurdo. Não tenho outra palavra para definir a situação. Toda vez que venho, é esse estresse. Tentei comprar a Hiocina e não encontro na rede popular’.
Quem vai à rede privada paga caro. Remédios como o Aciclovir de 200 mg — que trata Herpes — custam até R$ 57. Para tratar o aumento do colesterol, o Sinvastatina chega a custar R$ 25. O gari Alexandre Viana, 42, me falou que, com cinco pessoas na casa, ou eles comem ou tratam as doenças”
.Postado Por:Daniel Filho de Jesus